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IMPA 50 Anos

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muito de ciências e no científico comecei a me destacar principalmente em física, que eu adorava; tiravanotas excelentes. No segundo ano do científico, vários colegas de classe montaram uma turma paraestudar para o vestibular e me convidaram para ensinar matemática. Vi ali a oportunidade de largar omeu trabalho para fazer aquilo que mais gostava, e topei na hora. Sempre tive um apego pelo desafio,pela inovação, por isso, sempre procurei aproveitar as oportunidades. O convite para ir para João Pessoadeixando a casa de meus pais ainda menino foi um exemplo, o de parar de trabalhar para ensinarMatemática para meus colegas de vestibular foi outro. Ocorre que esses colegas estudavam num dosmelhores cursos de preparação para o vestibular da cidade. O professor de Matemática foi demitido,e o dono do curso lhes pediu que indicassem um professor, e indicaram o meu nome. Para o donodo curso não fazia muito sentido, pois eu sequer tinha feito vestibular, mas aceitou, e assim conseguimeu segundo emprego. Fiz o vestibular para ciências exatas com intenção de estudar física, porémlogo percebi que gostava de física devido à matemática envolvida. Quando o professor ia integrarum campo de forças sobre uma esfera, minhas dúvidas e curiosidades eram com a Matemática: como sepode integrar uma função definida numa esfera? Pode acontecer também em outra superfície qualquer?Como conceituar isso tudo formalmente? Claro que o professor de física não estava nada interessadonessas questões — nem sei se ele sabia como responder (risos). Acresce que, durante o primeiro anona universidade, gostei muito da receptividade do pessoal do Departamento de Matemática. No finaldo primeiro semestre consegui uma bolsa de iniciação científica do CNPq e decidi trocar a Física pelaMatemática. Financeiramente eu estava bem, pois morava com meus padrinhos, ensinava no curso prévestibular,tinha a bolsa de iniciação científica e uma monitoria do Departamento de Matemática. Comtanto trabalho acumulando com os estudos, eu sequer tinha tempo de gastar o dinheiro.O senhor conservou a bolsa do CNPq durante toda a graduação?Sim. A bolsa não tinha nenhuma restrição a que o estudante recebesse de outras fontes; simplesmenteera necessário manter atividades extracurriculares e tirar boas notas para mantê-la. Conservei tambémas outras atividades de professor e monitor.Algum professor da graduação o marcou particularmente?Ao contrário do ensino médio, na Universidade encontrei um professor, fantástico, já falecido, José CleobaldoChianca. Muito inteligente, tinha feito mestrado em Recife e foi fazer doutorado em Matemáticaem Berkeley, na Califórnia. Não chegou a concluir, porém depois de passar três anos em Berkeley, voltoucom outra visão. Possuía uma biblioteca fenomenal de Matemática, melhor do que a biblioteca dauniversidade, e além disso, uma visão correta do que é fazer Matemática, fazer pesquisa. Ainda no ciclobásico, ele me colocou em contato com os livros de Cálculo do Spivak e do Courant; o livro de ÁlgebraLinear do Gelfand; os livros de Geometria Diferencial do Manfredo do Carmo e do O’Neill, entre outros.Como não concluiu o doutorado, Chianca não se especializou em nenhuma área da matemática, emborativesse interesse especial por Geometria e Topologia Diferencial, área em que fiz mestrado e doutorado,depois que vim para o Rio.151

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