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IMPA 50 Anos

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Recentemente, o <strong>IMPA</strong> sofreu uma mudança institucional importante, passando a ser uma Organização Social,após as tentativas de reforma do Estado promovidas pelo governo Fernando Henrique. Qual sua opinião sobre onovo formato institucional?Considero que o <strong>IMPA</strong> é, e deveria continuar sendo, uma instituição pública. Junto com Maria EuláliaVares, fiz uma oposição muito forte a essa invenção, mas acabamos ficando em minoria. Com esse novostatus institucional, o <strong>IMPA</strong> deixa de ser uma instituição do Estado e passa a fazer um contrato comele; continua fundamentalmente sendo sustentado pelo Tesouro, mas faz um contrato de duração temporária.Acho que é uma situação institucional mais frágil. Se na hora de renovar o contrato houveruma crise internacional e o governo estiver fazendo um ajuste fiscal violento, o <strong>IMPA</strong> passa a correr riscosnão triviais e desnecessários. Pela importância que tem para a sociedade, o <strong>IMPA</strong> deveria continuarsendo um instituto estatal, porque é propriedade da sociedade brasileira. O <strong>IMPA</strong> não é propriedade deseus pesquisadores, ele é uma criação da sociedade brasileira, da comunidade científica como um todo.Outra iniciativa recente a que o senhor se opôs foi a criação do mestrado em finanças. Por quê?É importante registrar que a criação desse mestrado sofreu forte oposição de Aloisio Pessoa de Araujo,o principal economista do <strong>IMPA</strong>; de fato, foi criado sem a participação dos economistas. E mais gravedo que isso: é um curso pago e caro — mensalidades de 800 reais! —, correspondente aos tais MBAs,o que não tem nada a ver com a vocação do <strong>IMPA</strong>. É uma área em que o <strong>IMPA</strong> não tem pesquisaregular. É um erro manter uma coisa desse tipo num instituto como o <strong>IMPA</strong>. Isso tem a ver com atransformação em Organização Social: o <strong>IMPA</strong> passou a poder receber verbas de outras fontes. E,tendo em vista eventuais vantagens econômicas de curto prazo, as pessoas vão passar a se dedicar auma série de atividades de pequena importância científica. Ora, isso pode prejudicar a competênciacientífica do Instituto. Por enquanto, a rotina não mudou muito, mas acho que dar aula nesse cursode finanças não é uma atividade que ajude a desenvolver a ciência e, participando disso, as pessoasestão perdendo um tempo precioso, em que poderiam estar fazendo pesquisa. O <strong>IMPA</strong> deve retomarsua vocação de instituto público; de fato, devíamos trabalhar mais em conjunto com os interesses dasociedade. O <strong>IMPA</strong> pode colaborar em áreas ligadas à medicina, à biologia, a uma série de coisas queprecisam de matemática de boa qualidade, e até tem feito coisas nesse sentido, mas é sintomático quea primeira iniciativa tenha sido criar esse mestrado voltado para o mercado e não para a sociedade.Provocativamente, chamo o curso de “mestrado em especulação financeira”. Certamente, não é umaprioridade realmente acadêmica do Instituto.Houve discussão interna?Houve, mas ficamos em minoria, porque as pessoas, um pouco por causa da pressão salarial, vislumbrarama possibilidade de ganhos a curto prazo. Alguns bons professores tinham deixado o Institutoexatamente por problemas salariais. Enfim, essa é uma questão que tem que ser resolvida, mas deacordo com o interesse da sociedade brasileira. Aliás, quando se transformou em Organização Social,45

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