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IMPA 50 Anos

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da ciência em países do Terceiro Mundo, me perguntou: “Camacho, o que você tem feito pelo Peru?”Respondi: “Nada, mas posso fazer. É o momento certo.” E ele: “Então, vamos fazer. Você tem o meuapoio.” Dois dias depois, já de volta ao Rio, tranquei-me na sala da Sociedade Brasileira de Matemáticae redigi um projeto em duas páginas. Telefonei a César Carranza, presidente da Sociedad MatemáticaPeruana e um dos velhos professores daquela época, que me disse: “Aqui não dá para fazer nada, porquetodo mundo briga com todo mundo, não há dinheiro para nada, o ambiente está ruim. As pessoasestão dando aula em três, quatro lugares para sobreviver, o país está na miséria” — era o governo AlanGarcia — “e a única instituição que pode unificar o que sobra da matemática é a Sociedad MatemáticaPeruana. Eu, então, falei: “Vamos fazer um convênio com a Sociedade Brasileira de Matemática, da qualeu sou presidente, e apresentar um projeto ao Abdus Salam.”O ICTP tem recursos próprios?Sim. Tem um orçamento de 20 milhões de dólares, mas eu só pedia oito mil dólares! É um projeto muitointeressante, que consiste em convidar anualmente dois ou três matemáticos eminentes para passar ummês no Peru, dar um curso e selecionar um ou dois estudantes, mas estudantes bons. Eu não queria saberde massa, porque seria impossível trabalhar com massa. Queríamos saber se havia sobrado algumacoisa do desastre em que se tinha transformado o país. Fui um dos primeiros matemáticos a participardo convênio. Depois enviamos dois, três, às vezes um europeu, às vezes brasileiros, chilenos, venezuelanos,colombianos; convidamos dois ou três por ano desses matemáticos. E fomos trazendo um jovemperuano por ano, às vezes nenhum. E o programa foi crescendo, sempre com recursos do ICTP. Como passar dos anos, o projeto no Peru transformou-se num projeto andino, em que o professor dá aulapara 30 alunos, que vêm também do Equador, da Bolívia, da Colômbia, da Venezuela. . . Selecionamosos melhores e os trazemos ao <strong>IMPA</strong>; foi assim que estudantes equatorianos vieram pela primeira vez aoBrasil, ao Instituto.Ao terminar o doutorado, voltavam para seus países?Tivemos aí um problema, porque os salários lá eram, e ainda são, muito ruins, da ordem de 300 a 400dólares. E se realmente queríamos montar um grupo de pesquisa no Peru, alguma coisa tinha que serfeita. Comecei a fazer uma peregrinação para conhecer o meio universitário peruano, falei com reitores,com ministros. . . Um desses reitores, o da Universidad de Ingeniería, de onde eu vinha e ondeexistiu aquele instituto antigo, me propôs: “Por que não recriamos o Instituto de Matemática?” Assim,em dezembro de 1997, quando dois doutores peruanos já tinham retornado, criou-se o IMCA, Institutode Matemática e Ciências Afins, dentro dessa Universidade. O IMCA foi instalado numa construçãomuito bela, em Lima, construída em 1780, uma casa colonial com nome próprio: La Casa de las TreceMonedas. Essas atividades foram crescendo e, hoje em dia, esse Instituto peruano conta com seis matemáticosdoutores fazendo pesquisa, 35 estudantes de mestrado e inicia agora um doutorado. Aquino <strong>IMPA</strong> estão fazendo doutorado cinco excelentes estudantes peruanos, que devem retornar para esse60

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