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IMPA 50 Anos

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grossíssimo! Comecei a folhear e vi assuntos que jamais tinha visto na vida. Foi esse livro que despertouo meu interesse pela matemática.O senhor prestou vestibular para matemática?Fiz isso, embora naquela altura ainda estivesse muito indeciso quanto ao que realmente gostaria de fazer,já que tinha interesse em várias outras coisas, como arte, música, gostava muito de desenhar. . . Emvolta de mim, parecia claro para muita gente que eu iria estudar arquitetura. Prestei vestibular em matemática,ingressando no que era então a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras. Simultaneamente,fiz vestibular para filosofia pura, na Universidade Católica, começando a cursar ambas em março de1959. Durante quase um ano, fiz faculdade de matemática de dia e de filosofia à noite. Acabei desistindoda segunda por várias razões, inclusive porque eu acreditava já ter uma “Weltanschaung” que osprofessores teimavam em dobrar na sua visão religiosa da filosofia. E aí me dediquei mais à matemática.Acho que fui um bom aluno. Na verdade, sempre ajudei bastante meus colegas, porque a turma não eracomposta, necessariamente, de alunos brilhantes; era gente que tentava outra carreira, não conseguia eentrava para a matemática. Lembro de um colega, que trabalhava em turno da manhã e, à tarde, assistiaas aulas como “dorminte”. Depois eu explicava tudo a ele, não sei se aprendia, mas ria o tempo todo.A perspectiva era o magistério de nível médio?Naquela altura, eu não pensava muito nisto, mesmo por que estava enfronhado em um movimentojuvenil sionista (Hashomer Hatzair — “O jovem guardião”) de natureza socialista, que me conduziriaà “redenção de um povo em solo dos antepassados”. Havia no curso de matemática matérias pedagógicas,mas não lembro se tivemos alguma forma de tirocínio docente. Mas lembro que, a partir dosegundo ou terceiro ano do curso, criou-se dentro da própria faculdade um curso pré-vestibular, em queos alunos davam aulas — eu mesmo lecionei nesse curso. Recebíamos um bolsa pequeníssima, algo sópara estímulo. Para mim, foi uma experiência muito boa, porque dei aulas até para pessoas mais velhasque eu.No Instituto de Matemática de RecifeO senhor entrou para a faculdade em 1959 mas só se formou em 1964. Por que o curso durou tanto?Porque eu tranquei matrícula. Depois de cursar o primeiro ano, viajei e passei um ano em Israel, numaespécie de curso preparatório para líderes sionistas; como citei acima, fui ligado ao movimento sionistaHashomer Hatzair, que era da esquerda moderada. Inclusive, o Partido Comunista Israeli apoiavafortemente os árabes e era contra o estado de Israel. Mas, apesar de ter uma simpatia muito grandepelo movimento comunista, eu não poderia chegar a esse ponto sendo um judeu tradicional — meu paisempre freqüentou a sinagoga e levava a família. Apesar de não entender uma palavra da língua, elerezava em hebraico; era muito interessante.18

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