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IMPA 50 Anos

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Unidos, França e Inglaterra, os países com maior tradição em matemática. Depois vem o grupo quatro, ogrupo três, no qual está atualmente o Brasil. Aliás, cada matemático conhece perfeitamente sua posiçãoem relação aos colegas. No Brasil, a rede de relações foi fundamental nos primórdios do <strong>IMPA</strong>, porexemplo. Como o Instituto foi criado como órgão do CNPq, também recém-criado, eram as mesmaspessoas nos dois lugares, praticamente. Mauricio Peixoto e Leopoldo Nachbin eram diretores do CNPqe decidiam que pessoas iriam para o exterior ou receberiam bolsas no país; quando fui para os EstadosUnidos fazer doutorado com bolsa do CNPq, foi exatamente por recomendação dos dois, que foramfundamentais para isso.Além de um grupo extremamente talentoso, o desenvolvimento da matemática pura não requer grandes investimentosem laboratórios ou outros instrumentos. Bastam bons cérebros e uma boa biblioteca?Sim. Um centro de pesquisas como o <strong>IMPA</strong> não necessitava de muita coisa. Já as grandes empresas têmseus próprios meios e seus próprios grupos de pesquisas. Claro que podem aproveitar tudo aquilo queé publicado pela matemática pura, além do pessoal formado em matemática, evidentemente. A pesquisapura pode ser feita em países pobres, desde que as cabeças sejam boas; já a matemática aplicadaé mais ligada a países e empresas mais ricos. Por exemplo, quando a matemática brasileira começou,o ensino nas universidades era muito rotineiro. Quando estudei na Escola de Engenharia, os professoreseram competentes, havia aqueles velhos livros franceses em que aprendíamos, mas os professoresnão faziam pesquisa. Não só não tinham tempo, como não tinham sido treinados para isso. Assim, amudança da universidade provém dessa ciência criada de 1960 para cá, fora da universidade num primeiromomento, depois absorvida e desenvolvida nos cursos de pós-graduação. Quando o <strong>IMPA</strong> criouo mestrado, lembro que nosso objetivo fundamental era formar professores capazes de dar cursos competentese fazer pesquisa, tudo dentro das universidades; o doutorado já era uma etapa posterior. Emalguns lugares, a pós-graduação ficou mais ligada à pesquisa já no mestrado, mas no <strong>IMPA</strong> o mestradoera a formação de professores para o ensino universitário. Então, num período curto formamos uns400 mestres, que se espalharam pelo Brasil. Mudaram completamente a face da matemática brasileiraporque trouxeram para a universidade a concepção de pesquisa, de renovação, de cursos novos, de terque pensar, de atualização com a bibliografia.Entre 1969 e 1971, o senhor publicou alguns trabalhos com o prof. Elon Lima. Era uma parceria antiga?Ah, sim. Esses trabalhos foram iniciados quando ainda estávamos em Brasília. A crise os interrompeu,e só os retomamos em Berkeley, em 1967. Quando lá cheguei para o pós-doutorado, encontrei o Elon,passamos uns seis meses trabalhando e publicamos dois trabalhos em 69 e em 71; os dois estão ligados, éuma mistura de áreas. Com raríssimas exceções, todos os meus trabalhos são em colaboração — não eraprática muito comum nem na matemática brasileira. Elon, por exemplo, tinha uma formação muito boaem Topologia Diferencial, e a pesquisa foi uma combinação de certas idéias de Topologia Diferencialcom Geometria Diferencial. Provavelmente, não poderia ter sido feita se fosse só minha ou só dele;211

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