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IMPA 50 Anos

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ou menos, por causa da poeira que subia e depois a chuva pintava de alaranjado. Era uma vida muitopacata, de família, naquelas superquadras onde todo mundo se conhecia; as crianças brincavam ali dentro,havia uma escola a cada duas ou três superquadras. . . Quando ocorreu esse episódio do Fiori, oExército interveio na Universidade, e a cada mês eram demitidas duas, três pessoas. Era um regime deterror, em que nunca sabíamos o que ia acontecer no dia seguinte, ninguém tinha segurança. Assim, oscoordenadores dos Institutos se reuniram sob a liderança do Salmerón, que era o coordenador geral dosInstitutos de Ciências; fizemos contatos com o general Golbery, com o próprio presidente Castelo Brancoe com o líder da Maioria no Congresso, o deputado Pedro Aleixo, político mineiro muito inteligente e deboas intenções, mas que não tinha qualquer poder. O general Golbery era uma pessoa muito inteligentee me impressionou bastante; lembro até de uma frase sua: “Aonde vocês pensam que estão, no mundoda lua?! Vocês estão em Brasília, no meio de uma revolução. Querem liberdade acadêmica? Pois nãohá liberdade nenhuma” — ele falava com a maior naturalidade. “Liberdade depende das forças dominantes;essas têm liberdade de fazer o que quiserem. Vocês precisam ser um pouco menos idealistas emais realistas.” O reitor Zeferino Vaz pediu demissão e foi substituído por Laerte Ramos de Carvalho,indicado pelo jornal O Estado de São Paulo. Era um homem fraco, que não sabia como lidar com aquelasituação. A crise foi-se agravando até que decidimos pedir demissão coletivamente. Foi uma coisatriste, porque a Universidade, que tinha aquele padrão elevadíssimo, trouxe professores de Goiás parasubstituir os que se demitiram. Aliás, Leopoldo Nachbin teve um papel nesse desfecho, porque ajudouo novo reitor a recompor os quadros da Universidade com esses professores de Goiás.De volta ao <strong>IMPA</strong>Quando deixou a Universidade de Brasília, o senhor retornou ao <strong>IMPA</strong>?Não. Primeiro fui para o Ceará, onde passei um pequeno período desempregado. Mas logo recebium convite para ser visiting professor na Universidade de Rochester, no estado de Nova York; LeopoldoNachbin era professor naquela universidade e passava seis meses lá e seis meses no <strong>IMPA</strong>. Quando euestava em Columbia, fiz uma palestra em Rochester, a partir desses contatos do Leopoldo. Por causadisso, convidaram-me para passar seis meses na Universidade, no primeiro semestre de 1966 — aliás,fiquei hospedado todo esse tempo na casa do prof. Moisés Nussenzweig, o que foi possível porqueminha família ficara no Ceará. Depois fui convidado a passar um ano na Universidade de Berkeley,dessa vez com a família. Retornei ao Brasil no início de 1968, aí sim para o <strong>IMPA</strong>. No Instituto, LeopoldoNachbin era senhor absoluto. O ambiente no Instituto não era de todo satisfatório; foi uma fase muitodifícil, aquela. Um grupo de alunos do Leopoldo fazia doutorado no <strong>IMPA</strong> e em Rochester, mas na horade obter o título de doutor, optavam pela universidade americana.101

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