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IMPA 50 Anos

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mudando. Seu próximo reitor será Amadeu Cury. O que você acha de voltar?” Eu conhecia AmadeuCury, um biólogo respeitado da Academia Brasileira de Ciências, da qual eu já era membro. Sempre tivea seguinte atitude: um matemático brasileiro, assim como eu, pode ficar nos Estados Unidos, que seráum entre muitos. Já no Brasil a situação é diferente; ainda há uma carência de pessoal qualificado naminha área. Por isso, minha atuação no Brasil é muito mais multiplicadora do que seria nos Estados Unidos.Assim, respondi ao Mauricio que era uma possibilidade a ser estudada com carinho. Ele então mesugeriu que fosse ao Brasil conversar com o vice-reitor, José Carlos de Almeida Azevedo. Fui tambémbastante estimulado por jovens estudantes brasileiros que estavam concluindo o doutorado nos EstadosUnidos e que desejavam voltar para um bom lugar no Brasil. Fui a Brasília e conversei com o Azevedo,que transmitia muito entusiasmo no projeto de reorganizar a UnB. Esta transformada em fundação,possuía numa autonomia incrível! Eu disse: “Existem atualmente em Chicago umas cinco pessoas terminandoo doutorado e outras fazendo pós-doutoramento. Alguns não são brasileiros, mas desejamvir para o Brasil”. Ele respondeu: “Dê-me os nomes, que você já leva os contratos.” Saí de Brasília emdezembro de 70, com os contratos dos professores já assinados pelo reitor, para eles virem dentro de seismeses. Em maio de 1971 voltei para Brasília, e vieram comigo uns cinco doutores recém-formados nosEstados Unidos, brasileiros e não brasileiros. Pouco depois se juntaram outros, ainda como parte desseprimeiro contacto. Alguns deles são hoje matemáticos conhecidos trabalhando no país: Marco AntônioRaupp, Adilson Gonçalves, Antônio Conde, Said Sidki. Isso mostra uma característica interessante, emque vale a pena pensar. Por que foi possível tão rapidamente formar um forte grupo de pesquisadoresnuma instituição? Porque era uma fundação, que passava ao largo da burocracia universitária brasileira;seu presidente funcionava como homem de negócios, como um empresário. Com isso, a UnB tornou-seoutra vez um dos melhores lugares em Matemática do Brasil, com o mestrado montado novamente, elogo em seguida o doutorado.O senhor ocupou algum cargo de direção na UnB?Fui chefe do Departamento de Matemática durante um período. Fui também membro da Câmara dePós-Graduação e Pesquisa da Universidade, um cargo mais de representação. De qualquer forma, nosanos 70 a UnB voltou a ocupar um lugar importante na minha trajetória profissional e, sobretudo, na matemáticabrasileira. A UnB dos anos 70 foi realmente uma instituição acadêmica de destaque no Brasil,com a gestão de Amadeu Cury e de José Carlos Azevedo. Entretanto, os anos 80 foram muito conturbados,com as mudanças políticas no país e uma certa imobilidade da administração da Universidadepara enfrentar os novos tempos, bem como lidar com a própria evolução.O senhor continuou a manter contatos com o exterior?Sim, passei um tempo na Tulane University, em New Orleans, com um projeto da Fundação Ford; maisuma vez no Instituto de Dinâmica dos Fluidos, em Maryland; no Courant Institute, da Universidade deNova York, entre fevereiro e março de 78, e ao Instituto Politécnico Nacional, no México. Fui também86

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