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IMPA 50 Anos

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novo, ciências sociais e ciências exatas seguiam regimes diferentes. Hoje, acabou isso tudo e, pelo menosnas áreas de ciências exatas, o doutorado francês é bastante parecido com o Ph.D. americano.A matemática e as outras ciênciasPor que o senhor escolheu seguir a carreira de matemático?Obviamente, o ambiente familiar foi uma influência significativa. Mas o que acho importante é que,desde cedo, eu sabia que ser matemático profissional era uma opção, era uma possibilidade. Eu estavaadorando fazer matemática e sabendo que ia poder viver disso. Matemática é um assunto de que sepode gostar desde criança, no sentido de que a matemática do segundo grau já tem alguma coisa a vercom pesquisa. Talvez seja um pouco como a música: quase ninguém é um grande músico com oito anos,mas pode-se gostar de música e até experimentar um grande prazer sendo músico muito cedo. Com abiologia não sei, porque a minha impressão é que é difícil saber como é a vida do biólogo profissionalantes de realmente ser um deles.O senhor fala muito em prazer. Essa é realmente uma dimensão importante?A motivação é a mesma que um músico pode ter fazendo música. Digamos para ser matemático, épreciso gostar de fazer isso; não é apenas por decidir que é importante. É importante, mas a motivaçãonão pode ser só essa. É perfeitamente possível experimentar um prazer estético fazendo matemática.Como é o contato da matemática com as outras ciências?A história da matemática sugere um movimento pendular. Há momentos em que a matemática avança,atacando problemas sugeridos por ciências experimentais — em primeiro lugar, obviamente, a física —,descobrindo áreas inexploradas. Nesses momentos, as relações com as outras ciências são mais fortes,e boa parte das temáticas tem origem fora da matemática. Mas esse crescimento rápido do edifício fazcom que várias partes fiquem frágeis. Com freqüência, os resultados não são provados com o rigornecessário. Então, inicia-se um período de consolidação; a matemática tende a voltar-se para dentro,criando novos métodos mais rigorosos para dar uma base sólida ao próximo período de expansão. Porexemplo, o século XVIII em volta de Euler é obviamente um período de expansão; no século XIX, Cauchye Weierstrass, na Análise, correspondem a um período de consolidação. A escola italiana de Geometria,no início do século XX, é um período de expansão; a obra de Bourbaki responde a uma necessidadede consolidação. Entramos agora em novo período de expansão. Não há contradição nisso, apenasum movimento pendular, como eu disse. É claro que, quando estão procurando novos problemas pararesolver, novas áreas para explorar, os matemáticos recebem problemas que vêm do exterior, não todos.Algumas das questões importantes, como o Teorema de Fermat, por exemplo, que foi resolvido hápoucos anos por Andrew Wiles, são problemas puramente internos à matemática; porém a maior das139

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