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IMPA 50 Anos

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do Instituto começaram a participar de conselhos externos multidisciplinares, atividade que era muitoreduzida até a década de 70, quando, além dos diretores como Lindolpho e Elon, quem mais participoufoi o Jacob. Já na década de 80, o <strong>IMPA</strong> passou a ter outras presenças e a se mostrar mais ao mundoexterno. Atualmente, tenho a maior satisfação quando, ao encontrar diplomatas brasileiros no exterior,digo que sou do <strong>IMPA</strong>, e eles conhecem o Instituto. É extraordinário como o <strong>IMPA</strong>, hoje em dia, é muitoconhecido nos meios mais diversos. Creio que isso veio na década de 80.Os pesquisadores jovens desempenharam, portanto, um papel importante?Acho que sim, e não somente do <strong>IMPA</strong>, porque todos os matemáticos conhecem o Instituto, mesmo quenão pertençam aos seus quadros. A matemática não participou das lutas da SBPC de oposição ao regimemilitar; ao contrário, o <strong>IMPA</strong> beneficiou-se durante o governo militar e conviveu sem nenhum problema.Já os físicos, por exemplo, alguns deles foram exilados, o CBPF sofreu com isso — Leite Lopes e RobertoSalmerón tiveram que ir para a França. E os matemáticos não. Houve algumas exceções, mas não vinculadaspropriamente ao <strong>IMPA</strong>. A verdade é que a comunidade matemática não se integrou à SBPCdurante o regime militar, quando esta ocupou um importante espaço de reivindicação política. Quandoacabaram os governos militares, os físicos ocuparam muito espaço, sobretudo aqueles que estavam participandoda oposição ao regime, ao projeto nuclear e essas idéias de oposição ao governo. Com a saídados militares, os cientistas vinculados à SBPC passaram a ocupar cargos cruciais na administração, nãoos matemáticos. Como presidente da Sociedade, eu sentia que a matemática tinha um extraordinárioespaço a conquistar, pois estávamos chegando atrasados. Durante a realização da Assembléia NacionalConstituinte, entre 1987 e 1988, tive incontáveis encontros com ministros, como membro de delegaçõesde cientistas, da SBPC — para mim, era uma novidade completa. Essa foi uma etapa muito interessantede convivência com o mundo brasileiro científico e político, externo à matemática.A cooperação internacional Brasil-PeruEm 1989 o senhor se tornou coordenador de um convênio científico entre o Brasil e o Peru. Sentia-se em dívidacom seu país de origem?Não propriamente. O que aconteceu foi que, a partir de 1968, com o governo militar de Velasco Alvarado,iniciou-se no Peru um período de 30 anos de decadência econômica e política. Na década de 60,ainda era possível pagar a um estudante peruano um ano de bolsa nos Estados Unidos; hoje não éassim. Em seguida, inicia-se o movimento terrorista do Sendero Luminoso, que fez um estrago extraordináriono país, dilacerando famílias inteiras, gerando tragédias e milhares de mortos. Muita genteemigrou, muitos vieram para o Brasil. Nesse período, as décadas de 70 e 80, consolidou-se meu crescimentocomo cientista; no fim dos anos 80 eu já podia perceber um reconhecimento externo da minhaestatura científica. Em 1989, dei um curso no International Centre for Theoretical Physics, em Trieste,e conversei com Abdus Salam, diretor do instituto. Salam, preocupadíssimo com o desenvolvimento59

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