12.07.2015 Views

IMPA 50 Anos

IMPA 50 Anos

IMPA 50 Anos

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

estética com que as coisas são arrumadas. Se alguém aplicar alguma coisa, ficarei muito contente, tereicuriosidade intelectual, mas pode ser só isso. Escrevi um livro de Geometria Diferencial que é muitocitado em assuntos de neurobiologia da visão, mas eu não tenho a menor idéia de como nem por quê.Muito provavelmente, eu não entenderia nada daquilo.É interessante, porque o <strong>IMPA</strong> foi criado como Instituto de Matemática Pura e Aplicada, numa época em que aciência ainda era muito incipiente no Brasil.É verdade, mas durante muito tempo o <strong>IMPA</strong> só teve matemática pura; matemática aplicada é umfenômeno bastante recente. A matemática aplicada tem que responder a solicitações da realidade.Houve um momento em que parecia estar havendo um crescimento da solicitação das indústrias brasileiraspara essa parte matemática, mas ultimamente o que parece é que as pesquisas que interessam àindústria nacional estão todas sendo feitas no exterior. Evidente, é muito mais econômico. Na origemdo <strong>IMPA</strong>, já havia institutos de matemática no mundo inteiro, e era conveniente dar o nome de “purae aplicada”, porque sabíamos que a matemática aplicada se presta mais a deturpações, de acordo comsua utilização. O critério para uma boa matemática não é ela ter uma utilização para vender tal ouqual coisa, mas ter um caráter mais profundo dentro da própria matemática. Assim, o <strong>IMPA</strong> queriaestar presente para evitar que grupos de aventureiros lançassem mão da idéia de matemática aplicada,que pode deixar de ser boa matemática e visar apenas ao lucro. Já o matemático puro não tem comque se preocupar; ninguém quer comprar seus teoremas. Matemática aplicada pode ser utilizada comonegócio, mas não é negócio em si.O senhor condena a aplicação da matemática dentro da economia?Conheci um economista ligado à matemática: Mario Henrique Simonsen, que foi aluno do <strong>IMPA</strong> a umacerta altura. Ele trabalhava em economia, mas sua cabeça funcionava como de um matemático. TambémJosé Alexandre Scheinkman manteve-se como acadêmico; foi meu aluno de Geometria Diferencial no<strong>IMPA</strong>, é brilhante, tem cabeça de matemático e é economista. O <strong>IMPA</strong> manteve cursos de economiamatemática para formar pessoas como o Scheinkman e outros; depois ele foi para Chicago e estudou lá.Hoje existe um curso de economia, economia no sentido matemático, organizado por Aloisio Araujo,que fez doutorado de Estatística em Berkeley, voltou e se tornou responsável pela Economia Matemáticano <strong>IMPA</strong> — Sérgio Werlang e Carlos Ivan Simonsen Leal passaram por esse curso.Em sua origem, o <strong>IMPA</strong> era muito voltado para Mecânica, Análise, e depois houve uma mudança para GeometriaDiferencial, Sistemas Dinâmicos. O senhor acompanhou essas mudanças?Isso foi sendo montado aos poucos. Leopoldo Nachbin, que era analista, teve Elon Lima como aluno;mandou-o para o exterior para estudar Análise, mas o Elon terminou fazendo Topologia, que é muitopróxima de Geometria. Agora, Mauricio Peixoto era uma pessoa interessada em Mecânica, com que aparte de Sistemas Dinâmicos tem bastante ligação. São problemas que vêm vindo desde Henri Poincaré,205

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!