12.07.2015 Views

IMPA 50 Anos

IMPA 50 Anos

IMPA 50 Anos

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

juntando os dois, houve uma mistura das idéias. A matemática tende a ser uma atividade solitária, porisso as pessoas gregárias gostam de trabalhar em conjunto. De outro lado, sempre gostei de parcerias,porque achava que tínhamos tão poucos recursos no Brasil que era melhor juntar o pessoal. Otimizao investimento e dá — essa é a parte que me agrada mais — uma certa alegria ao trabalho; é muitodivertido partilhá-lo com alguém com quem nos damos bem. Agora mesmo estou trabalhando com umvelho colaborador, João Lucas Marques Barbosa, do Ceará. Temos uma maneira de atuar que quase nãorequer conversa; vamos ao quadro negro, discutimos um certo número de coisas, ele vai para o gabinete,escreve, escreve, escreve, me passa o negócio, eu leio, mexo um bocado. . . A coisa flui de uma maneiraabsolutamente natural, quase sem muito esforço. Sou capaz de fazer certas coisas muito bem, ele écapaz de fazer outras bem melhor do que eu; juntamos os dois, e a coisa flui. E fica uma coisa alegre; derepente, esquenta e fica divertidíssimo. Fiz também trabalhos em colaboração, que me deram alegria,com vários dos meus ex-alunos: Hilário Alencar, Marcos Dajczer, Maria Fernanda Elbert e Walcy Santos.O crescimento do <strong>IMPA</strong> nos anos 70Além das novas instalações, que outras novidades o senhor encontrou no <strong>IMPA</strong> ao retornar ao Brasil?Uma crise envolvendo Leopoldo Nachbin e Elon Lima, ainda rescaldo dos tempos de Brasília. Lindolphode Carvalho Dias era diretor do <strong>IMPA</strong>, mas retirou-se para fazer uma bolsa no exterior, e Elonassumiu a direção em 1969. O que tinha acontecido em Brasília, afinal? Como contei a vocês, durantea crise que antecedeu a greve, os coordenadores pediram demissão. Um belo dia lemos no jornal que oprof. Leopoldo Nachbin tinha estado na Universidade de Brasília, conversado com o novo reitor, LaerteRamos de Carvalho, e prometido resolver o problema. Ficamos chocados: substituir os demissionários?!E como o Leopoldo vinha a Brasília, falava com o reitor e não vinha falar conosco?! O ponto é que overdadeiro diretor do Departamento de Matemática da Universidade de Brasília era Leopoldo Nachbin;Elon era o coordenador e o substituía normalmente, porque ele quase não ia a Brasília. Elon ficoumorto de vergonha: “Como é que a pessoa que me colocou aqui vai falar com o reitor e diz que vaimudar tudo?!” Para ele, foi uma contradição insuportável; ele, que tinha sido muito ligado ao LeopoldoNachbin, um aluno dileto, de repente quebrou aquele vínculo. A relação entre os dois foi azedando, equando ambos estavam no <strong>IMPA</strong> a situação chegou a um ponto insuportável quando o Leopoldo quiscontratar para o quadro do <strong>IMPA</strong> uma pessoa que não era competente. Reuniu-se o Conselho TécnicoCientífico do <strong>IMPA</strong>, e seus membros consideravam absurda a contratação: Mauricio Peixoto, Elon Lima,Lélio Gama. . . A proposta do Leopoldo foi recusada, e ele ficou meio sem espaço — acho que até perdeuo lugar no CTC. Ainda ficou no <strong>IMPA</strong> por algum tempo e depois se afastou.Nesse momento, o CTC teve um papel muito importante na crise do <strong>IMPA</strong>?A origem da crise foi o Leopoldo. Ele, que tinha sido uma força motriz importante na matemáticabrasileira, queria colocar lá dentro uma pessoa que não tinha nível para ser professor do <strong>IMPA</strong>. Foi o212

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!