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IMPA 50 Anos

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uma personalidade um tanto inquieta e pouco paciente. Pouco a pouco, comecei a entender o fio dessesmecanismos todos, o trato com outros seres humanos de formação diferente. E comecei a apreciar. Tenhoconhecido gente extraordinária. Esse é um aspecto muito positivo do trabalho científico-administrativo:o contato com gente de formação muito distinta, seres humanos excepcionais, com os quais vale a penainteragir. O problema é como dividir o tempo. De outro lado, existe a pressão do meio. Agora voltei acoordenar o Comitê Assessor do CNPq, por imposição de alguns dos meus colegas. Não queria fazernovamente a mesma coisa! Mas estamos percebendo que a matemática está perdendo espaço paraoutras áreas; a física e a química estão crescendo muito, e esse fenômeno não está claro para nós. Porque o número de pesquisadores em matemática não está crescendo na mesma proporção? Há dez anos,a proporção era: dois ou 2,5 físicos para um químico e um matemático. Era assim em tudo: númerode pesquisadores, número de bolsas para pesquisa, de recursos. Houve agora um concurso aberto peloCNPq, que se chama Profix, um programa para fixação de jovens pesquisadores, porque se sabe que hámuitos que não estão encontrando emprego, gente brilhante que mereceria uma bolsa especial; fez-seum edital; são cem bolsas para 1.161 candidatos. Candidatos matemáticos, nove; candidatos físicos, 77;candidatos químicos, 110. Onde está a proporção de dez anos atrás? Está havendo um problema, etemos que entendê-lo, tanto no <strong>IMPA</strong> quanto na Sociedade Brasileira de Matemática. O mais curioso éque esta crise não está atingindo o <strong>IMPA</strong>. Esta é uma instituição antenada, porque tem pesquisadoresde primeira categoria e está contratando gente de primeiríssimo nível. O <strong>IMPA</strong> vai bem; o problema é amatemática, que não está crescendo como gostaríamos.A que se pode atribuir essa situação?A várias razões. Primeiro, os melhores estudantes que saem da escola secundária não prestam vestibularpara matemática; vão para as engenharias, economia, direito. Aqueles que podem ter algumtalento para matemática, não vêm. Segundo, o assunto sobre o qual já conversamos: o mau ensino damatemática. O jovem fica com pavor da matéria e, como não entende, não se interessa. O <strong>IMPA</strong> e aSBM vivem um momento de preocupação com o ensino básico. Estamos atentos a isso, porque aparecemsintomas da maneira mais inesperada. Esses números do concurso do CNPq são absolutamenteinesperados. Em 1984 o governo federal criou um programa chamado PADCT, Programa de Apoio aoDesenvolvimento Científico e Tecnológico, que trouxe recursos do Banco Mundial, da ordem de 100milhões de dólares, com igual contrapartida brasileira, em três oportunidades. Na área da matemáticae da física, o PADCT não apoiou a pesquisa, mas a metodologia de ensino, enquanto na área de químicaapoiou pesadamente a instalação de bons laboratórios, e a pesquisa. Assim, houve forte injeção de recursosna química, o que pode explicar o crescimento dos químicos. Mas não explica o baixo número dematemáticos.62

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