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IMPA 50 Anos

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ou nada, rigorosa. Alguns anos depois, muito mais seriamente, pela computação: aprendi a programarmuito novo para aquele começo da década dos 80 na Argentina, tinha uns 16 anos (hoje em dia estaidade é comum num bom programador). (Conselho: se você estiver procurando um bom programador,não vá à porta da universidade, nem coloque anúncio em jornal. Procure um menino com menos de 16anos.)E a matemática?? Pois bem, tão ruim foi o meu colégio, que eu achava que a matemática, a história e aginástica eram todas a mesma matéria, com a mesma lógica e as mesmas regras. Para aquele menino,que tinha lido extasiado sobre o nascimento e a morte das estrelas, que podia ter de interessante aprenderfórmulazinhas de cor e repeti-las em exercícios bobos? Ainda que não tenha tido grandes problemascom a matemática no colégio, também não costumava estar entre os melhores. . . Nas matérias não“científicas”, digamos somente que sobrevivi graças àquele fantástico invento, no qual eu era, modéstiaà parte, um mestre: a “cola”. Lembro-me que colegas de outras classes pediam as minhas colas miniaturizadas!Nunca tive dinheiro ou beleza que meus colegas invejassem ou respeitassem. Porém, quandose tratava de cola, o olhar deles mudava. As minhas colas do colégio estão, sem dúvida, entre os meusmaiores feitos.Terminei o meu segundo grau com a situação oposta à dos meus colegas: ao invés de não gostar denada para estudar na universidade, eu tinha coisas demais de que gostava. O meu único problemaera que a minha grande paixão era impossível. Não existia, nem existe, a carreira de astronomia emBuenos Aires, e os meus pais não tinham condições para me sustentar longe de casa. Mas, ainda haviaa física, a biologia e a computação. Como gostava das três mais ou menos por igual, escolhi a quepensei, na época, que me daria mais condições para sobreviver. Iniciei o bacharelado em ciências dacomputação na Universidade de Buenos Aires em 1985. Primeiro dia de aula: Análise I (naquela época,o bacharelado em computação da Universidade de Buenos Aires tinha quatro matérias em comum como bacharelado em matemáticas). Entra o professor. — Eu conheço esse cara! — pensei imediatamente.Pensei, pensei. . . mas, não conseguia saber de onde o conhecia. — Eu realmente conheço esse cara!!!Não conseguindo descobrir de onde, dei uma cotoveladinha no rapaz que estava do meu lado, e falei:— Eu conheço esse cara, mas não sei de onde. . . — É o Adrián Paneza — respondeu o rapaz. — Euconheço esse nome!!! — pensei. Pensei, pensei. . . — Conheço, mas. . . de onde?! Não agüentando mais,uma segunda cotoveladinha antecedeu à pergunta inevitável: — Esse nome me é muito familiar, só quenão sei de onde. Quem é Adrián Paneza?? A resposta foi totalmente inesperada e devastadora: — Eletrabalha na televisão todo domingo! É comentarista de futebol. Aí foi que tudo ficou claro. — É claro!!!É ele!! Mas, então. . . Ai é que tudo ficou feio!! Pensei na hora: — Que universidade ruim, que trazcomentaristas de futebol para dar aula de Análise I!! E, para piorar a questão, é um comentarista ruim!!Que ruim. . . . Somente direi que, no final daquela primeira aula, fui correndo falar com o professor,pois fiquei totalmente ma-ra-vi-lha-do. Não conseguia acreditar que a matemática era aquilo! Com quase20 anos, e em menos de uma hora e meia, me ensinaram que a matemática não era somente uma lista de285

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