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IMPA 50 Anos

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sistemas dinâmicos. Também as dimensões fracionárias, correspondentes aos fractais e outros aspectosde análise harmônica, passaram a ter presença mais forte. Esta linha de pensamento levou-nos ao finalda década de setenta, a uma gradual mudança de perspectiva — eu, particularmente, fiquei muito entusiasmado.Já na metade da década de noventa, eu propus uma nova conjectura sobre o que poderiaser um cenário global para os Sistemas Dinâmicos.Os anos 70 teriam sido um período de transição?Certamente, por isso sinto como se tivesse vivido duas vezes. Durante algum tempo, fiquei um tantoperplexo: “Para onde vamos?” Isto porque a idéia de descrever um sistema dinâmico típico foi interrompidano final dos anos 60; ninguém acreditava mais que fosse possível fazê-lo. Então, juntando aspeças e resultados que os dinamicistas foram construindo a partir da perplexidade-desafio dos anossetenta, em 1995 propus o que poderia ser este modelo típico. Mas aí com idéias muito mais probabilísticase menos geométricas, e com menos rigidez, em que só as peças mais importantes, os atratores,são focalizadas, e sua robustez quando modificamos o sistema original se dá apenas em média.Onde o senhor lançou esta nova perspectiva?Escolhi fazê-lo em um congresso em Paris, porque achei que seria realmente uma coisa importante equeria ter uma reação vívida, como de fato ocorreu. Em vista da perplexidade do final dos anos 60,devida ao sonho daquela década que se desfez, como contei acima, a quem eu começava a explicarminha conjectura, dizia: “Não dá para fazer uma proposta geral, pois pode acontecer em SistemasDinâmicos qualquer patologia matemática de forma robusta.” Assim, achavam que não era possívelpropor o que fosse um sistema típico. Pois de 1995 para cá passaram-se oito anos, e não há contraexemplosàs minhas propostas. Ao contrário, há um ótimo progresso, embora ainda limitado. Em tornoda conjectura, estabeleceu-se um programa de pesquisa e resultados importantes já foram obtidos.O <strong>IMPA</strong> se chamava Instituto de Matemática Pura e Aplicada. Qual a diferença entre as duas?Por decisão coletiva, acrescentamos Nacional ao nome do <strong>IMPA</strong>, o que bem corresponde ao que ele éde fato, por vocação e missão que lhe tem sido conferida desde sua criação. Quanto à questão de purae aplicada, era moda na época em que o <strong>IMPA</strong> foi fundado: distinguir entre si a matemática pura e amatemática aplicada. Não gosto muito da palavra “aplicada”, pois não acho positiva a separação entreuma e outra matemática. Gosto, sim, de citar uma frase memorável de Louis Pasteur: “Não existemcientistas aplicados e sim, aplicações da ciência.” As pessoas podem fazer belíssimas aplicações de certasáreas da ciência, como a matemática, como também trazer para dentro delas problemas oriundos deoutras áreas. Isto é, a ciência não é compartimentalizada e suas diferentes áreas se enriquecem mutuamente.Esse, por exemplo, era o ponto de vista de Henri Poincaré, há um século atrás. Poincaré já tinhaessa postura, abertamente. Ao mesmo tempo, havia outro matemático, outro gigante da época, DavidHilbert, que acreditava que a matemática era super poderosa. Ela podia ajudar outras ciências, mas não133

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