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IMPA 50 Anos

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Isso já em Chicago, porque antes disso, em parte por causa da censura, não havia qualquer interesse emler jornal brasileiro, a não ser pelas notícias do futebol, para torcer pelo Flamengo.Em 1973, durante sua estada no Brasil, foi criada a Anpec, a Associação Nacional dos Centros de Pós-Graduaçãoem Economia. O senhor chegou a participar de algum encontro promovido por ela?Dei uma palestra num congresso, apresentando uma versão mais simples do trabalho que fiz com JackSchechtman. Esse encontro foi importante, porque pude verificar que o nível dos economistas tinha melhoradomuito. Já havia a EPGE, a pós-graduação da PUC do Rio, tudo isso formado por pessoas que,na época em que saí do Brasil, ou eram alunos ou estavam fora. Além dos que passaram por Chicago,estavam no Rio Francisco Lopes e Rogério Werneck, de Harvard; Dionísio Carneiro, de Vanderbilt;Edmar Bacha, de Yale, Pedro Malan, de Berkeley, — o Pedro eu conheci através do Aloisio, pois eramamigos em Berkeley. Depois, havia o grupo de São Paulo, que eu não conhecia, propriamente, masque passou por Yale e Chicago, principalmente. Mais tarde, vim a conhecê-los muito melhor. E haviatambém o pessoal em torno da Maria da Conceição Tavares: Carlos Lessa, Sulamis Dain, Antônio Barrosde Castro. O interessante é que, embora fossem todos economistas de oposição, estavam originalmenteligados ao Bulhões. Quando eu era aluno da Faculdade, ele era ministro da Fazenda, e os únicos economistasde oposição que tinham sobrado na faculdade eram ligados à sua cadeira. Então, chegava-se aum ambiente em que já se vê uma certa consistência. Eram linhas diferentes de pensamento econômico,mas havia uma grande base comum. Embora Harvard e Chicago pudessem ser antípodas, no fundohavia muita coisa em comum: muitos tinham feito um bom curso de macroeconomia, um bom curso demicroeconomia; todos tinham uma formação sólida. A grande divergência era marcada por questõespolíticas, com o regime absorvendo alguns economistas e não outros. O pessoal de São Paulo, mesmoaqueles que foram absorvidos pelo regime, de alguma maneira manteve as ligações; os paulistas erammais unidos entre si. A divisão mais séria era no grupo do Rio.No <strong>IMPA</strong>, a presença de Aloisio Araujo e Jack Schechtman fizeram sua estada mais confortável, no sentido detornar a economia mais palatável dentro do Instituto?Na verdade, quando saí do Brasil, o Elon Lima era o diretor e foi quem me conseguiu a bolsa da FordFoundation para estudar economia matemática. Nesse meio-tempo, tive uma conversa com Lindolphode Carvalho Dias, ex-diretor, que estava de passagem no <strong>IMPA</strong>. Foi uma conversa muito boa, em que eleaprovou minha escolha, disse que economia era um caminho muito interessante. Elon e Lindolpho desempenharamum papel importante na abertura do <strong>IMPA</strong> para a economia. Mas sempre suspeitei, semqualquer prova, que decepcionei as pessoas quando escolhi economia. Sempre fui muito bem tratado,não tenho nenhuma reclamação, mas sentia que se tivesse escolhido fazer estatística ou probabilidade,alguma coisa mais tradicional em matemática aplicada, teria tido uma reação melhor. Mas como já contei,na década de 70 Steve Smale decidiu trabalhar em problemas de economia matemática. Steve Smaleé um grande herói do <strong>IMPA</strong>, e isso abriu o caminho. E com a presença do Aloisio e do Jack, o <strong>IMPA</strong> eraum ambiente muito bom para trabalhar em economia.176

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