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IMPA 50 Anos

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comerciante, o terceiro era médico. Quando eu me formei em engenharia — ele me mandou dinheiropara comprar o anel de engenheiro, mas decidi comprar um smoking para o baile de formatura! Meupai teve uma profunda decepção quando soube que eu não ia seguir a carreira de engenheiro, mas simfazer matemática. Ele sempre dizia: “Meus filhos são isso, isso e isso, só o pobrezinho do Djairo é quedeu para esse negócio de matemática.” Era como se eu tivesse dado um passo para trás na vida.Realmente, todos os primeiros matemáticos brasileiros são engenheiros de formação.Isso mesmo. Leopoldo Nachbin, Mauricio Peixoto, Jacob Palis, Manfredo do Carmo são todos engenheiros.Na época havia uma pressão social para que se procurassem profissões que dessem mais status.Ainda hoje a carreira de professor não é valorizada. E esse é um problema muito sério neste país.O senhor fez um bom curso de engenharia?Sim, fui bom aluno em todas as cadeiras: Resistência dos Materiais, Estabilidade das Construções, GrandesEstruturas. . . Fiz o curso direitinho; se quisesse exercer a profissão poderia, pois tive uma sólidaformação. Logo no primeiro ano, fui um bom aluno do curso de Cálculo e conheci Marília Peixoto, aprimeira esposa do prof. Mauricio Peixoto, que era professora da Escola de Engenharia, pessoa extremamentedelicada, atenciosa; tenho a melhor recordação da Marília. Fui aluno do prof. Mauricio nosegundo ano, na cadeira de Mecânica Racional. Fui um bom aluno, e após terminar seu curso ele meconvidou para ser monitor da cadeira de Mecânica, e isso foi o que me levou rapidamente para a matemática.Durante todo o curso de engenharia, fizemos seminários no gabinete de Mecânica Racional:Lindolpho de Carvalho Dias, Mario Henrique Simonsen, que entrou um ano depois de mim, ElianaRocha, que depois foi professora na UFRJ, e eu. Fazíamos seminários todo sábado, o dia inteirinho.Mauricio nos ajudava com orientação, e nós cobrimos uma boa parte da matemática básica.O senhor já freqüentava o <strong>IMPA</strong>?Ainda lembro do <strong>IMPA</strong> funcionando numa sala no Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas, o CBPF. Conhecivários físicos. De um deles, tenho a melhor recordação: Francisco Mendes de Oliveira Castro,homem de fabulosa percepção matemática. Em 54, fazia poucos anos que Laurent Schwartz havia publicadoo livro Teoria das Distribuições. Hoje em dia, a Teoria das Distribuições é essencial na Teoria deEquações Diferenciais Parciais. Toda a teoria está montada em cima dela, mas naquela época ainda nãose tinha consciência da importância do tema. Entretanto, lembro que o Oliveira Castro disse: “Isso aquié muito importante, vai ter grande influência.” <strong>Anos</strong> depois, fiquei pensando e percebi que muitos intelectuaisbrasileiros, talvez por falta de condições, não realizaram todo o seu potencial científico. Achoque esse foi o caso do Oliveira Castro, do próprio Lélio Gama, que foi diretor do <strong>IMPA</strong> e do ObservatórioNacional; todo esse pessoal teve muito mais dificuldades em seu trabalho de pesquisa do que as novasgerações brasileiras de hoje em dia. Mas freqüentei muito o <strong>IMPA</strong> mesmo depois que a sede se mudoupara a rua São Clemente. Usei bastante a biblioteca, estudei nas instalações do <strong>IMPA</strong> até partir para osEstados Unidos, em 1957.79

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