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IMPA 50 Anos

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“Então, você vai incluir isso também na tese. Por que não?” Resultado: tive que trabalhar mais ummês, e minha tese ficou duas vezes maior. Quando terminei o doutorado, perguntei ao meu orientadoronde deveria publicar, e ele respondeu: “Você pode escolher; qualquer revista vai aceitar, porque a teseé boa.” Entretanto, para publicar numa revista conceituada eu teria que reduzir. Ninguém aceitaria umartigo de um principiante com 1<strong>50</strong> páginas, pois tomaria a revista toda. Minha vocação sempre foi omagistério. Fui fazer o doutorado e produzi alguns trabalhos de pesquisa que, ainda hoje, 30 ou 40 anosdepois, são mencionados ou citados em livros de História da Matemática, mas fiz tudo isso como umaforma de dizer: “Estou me dedicando ao ensino, não porque não sei ser bom matemático, mas porquequero, porque gosto de ensinar.” Na carreira de Matemática há muita gente que se desvia para o ensinocomo um derivativo: “Já que não consegui fazer bons trabalhos, pelo menos vou ensinar”, o que érazoável. Mas não foi o meu caso; fui para o ensino porque gosto de ensinar, porque desejo ensinar. Aspesquisas que fiz serviram mais ou menos para mostrar isso: “Tenho um nível tão bom quanto os seus;estou indo ensinar porque quero.”A bolsa GuggenheimEm 1958, o senhor retornou para o <strong>IMPA</strong> como professor?Sim, embora não houvesse vínculo empregatício. Até 1973, os professores do <strong>IMPA</strong> eram bolsistas doCNPq. O prof. Leopoldo e o prof. Mauricio eram catedráticos da Universidade, tinham empregos, maseu só tinha uma bolsa; em 58, o <strong>IMPA</strong> me contratou como pesquisador assistente. Era uma bolsa tãoínfima, que não dava nem para pagar o aluguel de um apartamento, e eu já tinha duas filhas. Então, fuipromovido a pesquisador titular, o que aceitei constrangidamente, porque era muito jovem, embora jáfosse doutor.O <strong>IMPA</strong> exigia o título para contratar pesquisadores?Não. Para ser pesquisador do <strong>IMPA</strong>, a pessoa tinha que ter um talento, pelo menos em potencial, aosolhos dos que já estavam lá. À medida que foi crescendo, a instituição começou a ter certas regras paraingresso no quadro. Mas naquela época, todo mundo que tinha condições e quis, foi para o exterior fazerdoutorado. O CNPq era pequeno, o número de bolsas não era grande, mas o universo de pessoas quepreenchiam as qualificações também era pequeno. Não me lembro de nenhum talento em Matemática,Física ou qualquer outra ciência que tenha sido impedido de sair do Brasil por falta de bolsa. O paíssempre foi extremamente generoso nesse aspecto. O que aconteceu foi o contrário: muita gente foi,deu-se bem e não voltou.O senhor foi o primeiro ex-aluno do <strong>IMPA</strong> a obter o doutorado?No exterior sim. Antes de mim, Paulo Ribenboim doutorou-se em São Paulo, como contei a vocês. Unsdois anos mais velho que eu, ele voltou para o <strong>IMPA</strong> e tentou fazer carreira. Mas não aceitou a situação98

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