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IMPA 50 Anos

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fórmulas chatas e sem sentido, que não era aquele conjunto de dogmas vazios que eu tinha “aprendido”durante 15 anos. Por que não me disseram antes?? Esse comentarista de futebol tinha me apresentadouma bela mulher. Adrián não somente foi mais um golpe contra o meu cérebro preconceituoso, comotambém o melhor professor que tive jamais, de qualquer coisa. Fiquei maravilhado, de fato, com osquatro cursos de matemática que tinha a carreira de computação. E, naquela época, essa carreira nãotinha precisamente o que Adrián chamaria de “um time de primeira” no quadro de professores, semfalar daquelas aulas chatíssimas. . .Não agüentei nem um ano e meio em computação, fugindo, é claro, para matemática, na mesma Universidadede Buenos Aires. A universidade foi para mim tudo aquilo que a escola nunca foi. — Então,existe um lugar onde os professores não estão lá somente pelo sádico prazer de torturar os mais fracos!— pensei (pois é, esse era exatamente o clima nos meus colégios. . . ) — E, ainda por cima, os alunosaté parecem gostar de estudar!! Era bom demais para ser verdade. Mas, era verdade. Adorei. Tambémfoi por isso, e não somente pelo gosto pela matemática, que a minha graduação foi muito tranqüila. Dediqueimuito tempo a ela. Muito. E juro para vocês: jamais colei. Quando estava acabando a graduação,em 1990, tive o dilema de sempre. Tinha gostado da geometria, porém em Buenos Aires não tinha comofazer um doutorado bom. Mas, eu também não queria ir embora de Buenos Aires, já que não somentetoda a minha família estava lá, mas, sobre tudo, os meus amigos. Eu achava que não poderia me separardeles! O que fazer? Decidi então ficar e tentar um doutorado em Buenos Aires, em alguma coisaligada a equações diferenciais em geometria. Não seria fácil, mas, afinal, não conseguiria viver sem osmeus amigos! Estava acabando o ano, quando um colega e amigo me comentou que tinha um cursode verão (logo no verão!) em matemática (matemática?!!) no <strong>IMPA</strong> (o que será que é isso???) no Riode Janeiro!!! Não perguntei mais nada. — Uaaauuu!!, pla-yi-taaaaa!!! — pensei. — Rio–praia–estou lá!Foi assim que eu vim para a praia, quer dizer, para o <strong>IMPA</strong>, naquele verão de 1991. O que posso dizerda minha primeira impressão? Eu acho que toda pessoa que chega ao <strong>IMPA</strong> pela primeira vez devesentir simplesmente que tem olhos de menos, e que não fomos muito bem desenhados pela natureza.Localizado no lugar mais lindo que jamais tinha visto, o clima de estudo era borbulhante. Percebi logonos primeiros dias o excelente ambiente de trabalho ao ver que, na sala de chá/café onde se bebia caférelaxadamente, havia um quadro negro onde os alunos e professores discutiam idéias, nem sempre matemáticas,com aquele cafezinho do lado. Notável! Um mês depois de ter começado aquele curso deverão já tinha feito amizade com vários alunos do <strong>IMPA</strong> (logo eu!), dos quais, de fato, alguns são grandesamigos até hoje. Aí percebi que esse lugar era uma possibilidade bem interessante para fazer umdoutorado. Só que eu tinha. . . medos. Afinal, nunca tinha saído de Buenos Aires a não ser de férias,e os meus amigos de lá. . . Não dava. Mas, um doutorado em Buenos Aires era muito complicado. . .O que fazer? Estava realmente muito confuso. Então fui pedir conselhos a alguém a quem eu nuncahavia pedido. Fui à praia de Copacabana, à noite, tarde. Bem junto ao mar. Covardia! Claro, ele meconvenceu logo!! Os argumentos que ele usou não vêm ao caso, mas foi assim que decidi vir ao <strong>IMPA</strong>,“por um ano, para provar”. Estou aqui desde então. E poucas vezes me senti realmente sozinho por286

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