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IMPA 50 Anos

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área de Direito na UFRJ, com média que daria para passar para qualquer outra carreira. Mas o gostopela matemática já havia se instalado. Assim, em 1976, desisti do curso de Direito e resolvi fazer outrovestibular, desta vez para o Instituto Militar de Engenharia, onde ingressei em 1977.Logo após entrar para o IME, tive uma forte recaída na vagabundagem. De imediato, fui dar aulas particularespara alguns alunos militares estrangeiros, da América do Sul e Caribe, e descobri ali ótimoscompanheiros de gandaia. Mais ou menos na mesma época, conheci uns alunos (paisanos) que já estavamcursando o quarto ano e que costumavam se reunir num barzinho lá perto, numa esquina poucoantes da praça, na Praia Vermelha. Eles eram completamente diferentes da maioria dos outros alunos:gostavam de MPB, de teatro e de política. Também gostavam muito de cerveja; me identifiquei totalmente.Rapidamente me integrei ao grupo e ali fiz grandes amigos. Eram anos de chumbo, aindavivíamos o Governo Geisel, e foi com muito custo que eles foram me revelando sua filiação ao comunismo.Foi assim que acabei sendo recrutado para o finado Partidão, depois de me esforçar muito paratal. Começava ali uma perdição que consumiria praticamente todos os meus vinte anos, da qual sóme livrei totalmente em 1987, aos 29, não porque deixara de ser comunista, mas porque o comunismo,como proposta séria, havia se desmoronado: sorte minha, creio eu agora. A bem da verdade, lá aprendimuito e conheci muitas pessoas interessantes com as quais me relaciono muito bem até hoje, sempreque as reencontro. Voltando aos anos no IME, no final de 1978 meus camaradas se formaram. Assim,eu já iniciei o ano seguinte me sentindo totalmente deslocado naquele instituto. O mais grave é que fuime dando conta de que não tinha nenhuma vocação para a engenharia. Via meus colegas caminhandofelizes, armados com suas réguas T e maços de cartões perfurados e me convencia que, se insistissenaquele caminho, daria um péssimo engenheiro. Tinha optado pela Eletrônica na esperança de que alifosse aprender os fundamentos de toda a cadeia de fenômenos por trás de coisas fantásticas como a televisãoe os computadores. Doce ilusão! As aulas de eletrônica eram dadas por um capitão monocórdico,que só falava em percentuais de margem de erro em componentes eletrônicos e que não parecia ter jamaisse perguntado: como será que funciona um aparelho de TV? Mas não havia perdido o gosto pelamatemática. Não pelo estudo da mesma, que quase não praticava. Mas pelo entretenimento que representavapara mim ficar pensando num problema durante horas, dias, meses. . . anos até. Era do tiposimplório que vivia descobrindo provas para o Último Teorema de Fermat, para em seguida descobriro furo nas sucessivas tentativas de demonstração, sem levar isso realmente a sério.Alguns colegas de turma já haviam descoberto o <strong>IMPA</strong>. Era o caso do Alexandre Santarrosa Freire, doMauro Santana, do Ramiro Guerreiro e do Paulo Ney de Souza, que, com diferentes níveis de comprometimento,já cursavam algumas disciplinas no <strong>IMPA</strong>. Eu também, acho que já no meu primeiro anono IME, tinha sido apresentado ao <strong>IMPA</strong>, levado pelo colega Fernando Nagle. Ele e sua família eramamigos do Jacob (Palis) e família. O Fernando reconhecia em mim certa vocação para a matemática: elee eu tínhamos cursado juntos a turma IME do Bahiense, onde eu costumava atazanar a vida do nossoprofessor de combinatória, o Morgado, com demonstrações muito mais curtas do que as dele. Nagle273

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