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A HISTÓRIA DO ESPIRITISMO Conan Doyle

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106 – Arthur <strong>Conan</strong> <strong>Doyle</strong><br />

Um quadro daqueles primeiros dias é dado por um resumo de um artigo<br />

sobre o Espiritismo, publicado a 25 de outubro de 1856 no The Yorkshireman,<br />

jornal não espírita:<br />

“Pensamos que, em geral, o público inglês não conhece a natureza das<br />

doutrinas espíritas e, sem dúvida, muitos dos nossos leitores certamente não se<br />

acham preparados para pensar que elas prevaleçam, até certa extensão, em nosso<br />

país. Os fenômenos comuns de movimento de mesas, etc., na verdade são familiares<br />

a muita gente. Há cerca de dois ou três anos não havia uma reunião noturna que não<br />

tentasse a realização de um milagre espírita... Naqueles dias a gente era convidada<br />

para ‘chá e mesas girantes’, como um novo divertimento e tinha que se mexer com<br />

toda a família, em volta dos móveis, como loucos”.<br />

Depois de afirmar que o ataque de Faraday “tinha espantado os Espíritos”,<br />

de modo que por algum tempo não mais se ouvia falar das suas atividades,<br />

acrescenta o jornal:<br />

“Contudo temos provas amplas de que o Espiritismo, como uma crença<br />

vital e ativa, não está circunscrito aos Estados Unidos, mas encontrou favor e<br />

aceitação entre um considerável número de entusiastas em nosso país.”<br />

Mas a atitude geral da imprensa mais influente foi muito semelhante à<br />

atual: ridículo e negação dos fatos e o ponto de vista que, mesmo quando os fatos<br />

fossem verdadeiros, para que serviriam? The Times, por exemplo, um jornal muito<br />

mal informado e reacionário sobre assuntos psíquicos, num artigo de fundo, pouco<br />

depois dessa data, sugere:<br />

“Seria algo como tomar o nosso chapéu do cabide por um esforço de<br />

vontade, sem ir pegá­lo ou ocupar um criado.<br />

“Se a força da mesa pudesse ser aplicada ao menos para acionar uma<br />

máquina de moer café ganharíamos alguma coisa.<br />

“Seria melhor que os nossos médiuns, em vez de indagar de que morreu<br />

alguém há cinquenta anos, descobrissem as cotações da bolsa daqui a três meses”.<br />

Quando a gente lê tais comentários num grande jornal, fica a pensar se<br />

realmente esse movimento não foi prematuro e se, numa época tão baixa e material,<br />

não seria impossível fixar a ideia de uma intervenção exterior. Entretanto a maior<br />

parte dessa intervenção era devida à frivolidade dos investigadores que ainda não<br />

haviam compreendido a inteira significação desses sinais do Além e os empregava,<br />

como assinala o jornal de Yorkshire, como uma espécie de divertimento social e<br />

uma nova excitação para uma mundanidade fatigada.<br />

Mas enquanto, na opinião da imprensa, um golpe mortal havia sido dado no<br />

desacreditado movimento, a investigação prosseguia silenciosamente em muitos<br />

lugares.<br />

Gente sensata, segundo indica Howitt “estava com êxito experimentando<br />

aqueles anjos, na sua mesma forma de apresentação e verificando que eram reais”<br />

pois, como diz muito bem, “os médiuns públicos jamais fizeram mais do que<br />

inaugurar o movimento”. Se tivéssemos que julgar pelo público testemunho da<br />

época, a influência de Mrs. Hayden deveria ser considerada como de pouca<br />

extensão. De um modo geral, para o público era ela uma maravilha fugaz; mas<br />

espalhou muita semente que germinou lentamente. O fato é que abriu o assunto e o

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