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A HISTÓRIA DO ESPIRITISMO Conan Doyle

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42 – Arthur <strong>Conan</strong> <strong>Doyle</strong><br />

deveriam ser registradas, desde que informações posteriores podem um dia lançar<br />

sobre elas uma nova luz. John King, que é o nome do Espírito do suposto Henry<br />

Morgan, é um ser muito real: poucos espíritas experimentados há que não tenham<br />

visto a sua cara barbuda e ouvido a sua voz máscula. Quanto aos índios que são seus<br />

companheiros ou subordinados, apenas épossível aventurar uma conjectura: são as<br />

crianças da Natureza, talvez mais próximas dos primitivos segredos do que outras<br />

raças mais complexas. Pode acontecer que o seu trabalho especial seja da natureza<br />

de uma expiação — explicação que o autor ouviu de seus próprios lábios.<br />

Parece que essas explicações constituem uma digressão da atual experiência<br />

dos “shakers”, mas as dificuldades que se erguem na mente do investigador se<br />

devem, em grande parte, à quantidade de fatos novos, sem ordem nem explicação,<br />

que é preciso contornar. Sua inteligência não possui escaninhos suficientes aos quais<br />

os possa adaptar. Entretanto, nestas páginas o autor procura, na medida do possível,<br />

fornecer, de sua própria experiência ou da daqueles em quem pode confiar, aquelas<br />

luzes que podem tornar o assunto mais inteligível e, pelo menos, dar uma ideia<br />

daquelas leis que os regem e que estabelecem a ligação entre os Espíritos e nós<br />

mesmos. Acima de tudo, o investigador deve para sempre abandonar a ideia de que<br />

os desencarnados sejam, necessàriamente, entidades sábias e poderosas. Eles têm a<br />

sua individualidade e as suas limitações, assim como as temos, e essas limitações se<br />

tornam mais destacadas quando se manifestam através de uma substância tão alheia<br />

quanto a matéria.<br />

Os “shakers” contavam com um homem de notável inteligência, chamado<br />

F. W. Evans, que fez um claro e interessante relato de todo esse assunto e que os<br />

curiosos podem encontrar no New York Daily Graphic, de 24 de Novembro de 1874<br />

e foi largamente citado na obra do Coronel Olcott “Gente do Outro Mundo.” Mr.<br />

Evans e seus companheiros, depois da primeira perturbação física e mental, causada<br />

pela irrupção daqueles Espíritos, puseram­se a estudar o que aquilo realmente<br />

significava. Chegaram à conclusão de que a matéria poderia ser dividida em três<br />

fases. A primeira consistia em provar ao observador que a coisa era verdadeira. A<br />

segunda era a fase de instrução, na qual mesmo o mais humilde Espírito pode trazer<br />

informações de sua própria experiência das condições post­mortem. A terceira fase,<br />

dita fase missionária, era a de aplicação prática. Os “shakers” chegaram à conclusão<br />

inesperada de que os índios não tinham vindo ensinar, mas aprender. Assim,<br />

catequizaram­nos como foi possível, exatamente como o teriam feito em vida. Uma<br />

experiência semelhante ocorreu desde então em muitíssimos centros espíritas, onde<br />

humildes espíritos muito primitivos vieram aprender aquilo que deveriam ter<br />

aprendido neste mundo, se tivesse havido professôres. Certamente perguntarão por<br />

que Espíritos mais elevados do além não cuidam desse ensino? A resposta dada ao<br />

autor, numa notável ocasião, foi a seguinte: “Essa gente está muito mais próxima de<br />

vocês do que de nós. Vocês podem alcançá­los onde nós não podemos”.<br />

Daí se conclui claramente que os bons “shakers” jamais estiveram em<br />

contacto com os guias mais elevados — talvez não necessitassem de ser guiados —<br />

e que os seus visitantes eram de um plano inferior. Durante sete anos as visitas<br />

continuaram. Quando os Espíritos os deixaram, disseram­lhes que se iam, mas que<br />

voltariam; e que, quando voltassem, invadiriam o mundo e tanto entrariam nas<br />

choupanas quanto nos palácios.

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