A HISTÓRIA DO ESPIRITISMO Conan Doyle
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
197 – <strong>HISTÓRIA</strong> <strong>DO</strong> <strong>ESPIRITISMO</strong><br />
amarroulhe os punhos e os tornozelos. Depois foi acesa uma lâmpada vermelha de<br />
dez velas. A mesa, que estava livre de qualquer contacto, moviase de vez em<br />
quando, foram vistas pequenas luzes e uma mão. Num dado momento, abriuse uma<br />
cortina em frente à cabine, deixando ver a médium estirada e bem amarrada. Diz o<br />
relatório:<br />
“Os fenômenos eram inexplicáveis, de vez que, dada a sua posição,<br />
qualquer movimento era impossível. Em conclusão, aqui estão os relatos de dois<br />
casos, entre muitos, de materializações convincentes. O primeiro é descrito pelo<br />
Doutor Joseph Venzano, nos ‘Annais of Psychical Science’, volume 6º, página 164,<br />
de setembro de 1907. Havia a luz de uma vela, que permitia se visse a figura da<br />
médium:<br />
“A despeito da pouca luz, eu podia ver distintamente a Senhora Palladino<br />
e meus companheiros. De súbito, percebi que detrás de mim havia uma forma,<br />
bastante alta, que estava inclinando a cabeça sobre o meu ombro esquerdo e<br />
soluçando violentamente, tanto que os presentes ouviam os soluços: beijavame<br />
repetídas vezes. Percebi claramente os traços fisionómicos, que me tocavam o rosto<br />
e senti os seus cabelos finos e abundantes em contacto com a minha face esquerda,<br />
de modo que eu tinha certeza que era uma mulher. Então a mesa começou a moverse<br />
e pela tiptologia deu o nome de uma ligação de família, de todos desconhecida,<br />
exceto por mim. Tinha morrido algum tempo antes e, devido a uma<br />
incompatibilidade temperamental houve sérios desacordos com ela. Eu estava tão<br />
longe de esperar essa resposta tiptológica que a princípio pensei que fosse mera<br />
coincidência de nome; mas enquanto mentalmente eu fazia tal reflexão, senti uma<br />
boca, com o sopro quente, tocarme a orelha esquerda e sussurrar, em voz baixa, em<br />
dialeto genovês, uma porção de frases que os assistentes podiam ouvir. Essas<br />
sentenças foram interrompidas por um soluço e o tema era, repetidamente, o pedido<br />
de perdão de injúrias feitas a mim, com uma riqueza de detalhes ligados a assuntos<br />
familiares que só poderiam ser conhecidos da pessoa em questão. O fenômeno<br />
parecia tão real que me vi obrigado a responder aos pedidos de desculpas com frases<br />
afetuosas e, por meu turno, pedir perdão se qualquer ressentimento pelos malentendidos<br />
tinham sido excessivos. Mal eu tinha pronunciado as primeiras sílabas e<br />
duas mãos, com excessiva delicadeza, se aplicaram sobre os meus lábios, evitando<br />
que eu continuasse. Então a forma me disse obrigado, abraçoume, beijoume e<br />
desapareceu.”<br />
Com outros médiuns têm havido melhores materializações do que esta e<br />
com melhor luz; mas no caso havia uma prova interior e mental de identidade.<br />
O último exemplo que daremos ocorreu em Paris, em 1898, numa sessão<br />
em que se achava presente Flammarion, quando o Senhor Le Bocain se dirigiu em<br />
árabe a um Espírito materializado e disse: “Rosália, se és tu que te encontras entre<br />
nós, puxame três vezes o cabelo na parte posterior da cabeça”. Cerca de dez<br />
minutos depois e quando o Senhor Le Bocain quase havia esquecido o pedido, sentiu<br />
que lhe puxavam o cabelo três vezes, exatamente como havia pedido. E disse:<br />
“Certifico este fato que, além disso, constituiu para mim a mais convincente prova<br />
da presença de um Espírito familiar junto a mim”. E acrescenta que é desnecessário<br />
dizer que Eusapia não sabe árabe.<br />
Os adversários e uma parte dos pesquisadores de psiquismo acham que os<br />
fenômenos que ocorrem numa sessão têm pouco valor probante, porque os<br />
observadores comuns não conhecem os recursos dos mágicos. Em 1910, em Nova