A HISTÓRIA DO ESPIRITISMO Conan Doyle
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86 – Arthur <strong>Conan</strong> <strong>Doyle</strong><br />
que o quisesse, crer naquilo que não entendia, e ansiosamente buscava saber se,<br />
depois da morte, poderíamos encontrar aqueles a quem tínhamos amado e em que<br />
circunstâncias. Fôra convidado por uma amiga a assistir as ‘Batidas de Rochester’.<br />
Aceitei mais para lhe ser atencioso e para matar uma hora de tédio. Pensei bastante<br />
naquilo que assisti e resolvi investigar o assunto e descobrir o que era aquilo. Se<br />
fosse uma mistificação, uma desilusão, eu supunha poder averiguar. Durante cerca<br />
de quatro meses dediquei pelo menos duas noites por semana e, às vezes, mais, em<br />
testemunhar os fenômenos em todas as suas fases. Fiz um cuidadoso registro de<br />
tudo quanto assisti e, de vez em quando, comparava os resultados, a fim de<br />
apreender as inconsistências e as contradições. Li tudo quanto me vinha às mãos<br />
sobre o assunto e especialmente as supostas ‘descobertas de charlatães’. Andei aqui<br />
e ali, à procura de diversos médiuns, assistindo a diferentes sessões, —<br />
frequentemente com pessoas das quais jamais ouvira falar e muitas vezes no escuro<br />
e algumas no claro — por vezes com descrentes inveterados e mais frequentemente<br />
com crentes muito zelosos.<br />
“Finalmente, aproveitei todas as oportunidades que se me ofereciam para<br />
esgotar o assunto desde a sua raiz. Durante todo esse tempo eu era um descrente e<br />
pus à prova a paciência dos crentes por meu cepticismo, minha capciosidade e<br />
minha dura recusa em modificar as minhas ideias. vi em redor de mim algumas<br />
pessoas que passaram a crer em uma ou duas sessões; outras, nas mesmas<br />
condições, persistiam na mesma descrença; e algumas que recusavam o testemunho<br />
de todos e continuavam terminantemente incrédulas. Eu não podia tomar nenhum<br />
desses partidos e me recusava a crer, enquanto não tivesse a mais irrefragável das<br />
provas. Por fim a prova veio e com tal poder que nenhum homem equilibrado lhe<br />
poderia negar fé”.<br />
Como se vê, um dos primeiros entre os notáveis conversos à nova<br />
revelação, tomou as maiores precauções antes de aceitar a evidência que o<br />
convenceria da autenticidade das manifestações espíritas. A experiência geral mostra<br />
que uma aceitação fácil de tais manifestações é muito rara entre pensadores sérios e<br />
que dificilmente se encontra um espírita eminente, cujo curso de estudos e de<br />
meditação não tenha consumido muitos anos.<br />
Isto forma um notável contraste com aqueles cuja opinião negativa é devida<br />
a um preconceito inicial e a relatos tendenciosos ou escandalosos de autores<br />
fanáticos.<br />
No excelente resumo de suas investigações, dado no artigo citado, um<br />
artigo capaz de converter todo o povo americano, se ele estivesse preparado para a<br />
assimilação, o Juiz Edmonds mostra a sólida base de sua crença. Destaca que nunca<br />
estava só quando essas manifestações ocorreram e que teve muitas testemunhas.<br />
Também mostra as minuciosas precauções que tomou:<br />
“Depois de confiar nos meus próprios sentidos, nas diversas fases do<br />
fenômeno, invoquei o auxílio da ciência e, com a assistência de um hábil eletricista<br />
e seus mecanismos, e oito ou dez pessoas inteligentes, educadas e sérias, examinei o<br />
assunto. Continuamos a nossa investigação durante vários dias e, para nossa<br />
satisfação, constatamos duas coisas: primeiro, que os sons não eram produzidos por<br />
qualquer pessoa presente ou perto de nós; segundo, que eles não se produziam à<br />
nossa vontade.”<br />
Ocupase finalmente com as supostas “charlatanices”, segundo a expressão<br />
dos jornais, algumas das quais de vez em quando são verdadeiras expressões contra