A HISTÓRIA DO ESPIRITISMO Conan Doyle
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232 – Arthur <strong>Conan</strong> <strong>Doyle</strong><br />
mecanismo central da sociedade caiu nas mãos de um grupo de homens cujo único<br />
cuidado parece ser não provar a verdade, mas desacreditar o que parece<br />
sobrenatural. Dois grandes homens, Lodge e Barrett, enfrentaram a onda, mas foram<br />
vencidos pelos obstrucionistas. Os Espíritas e especialmente os médiuns, tinham<br />
aversão aos investigadores e a seus métodos. Parece que nunca ocorreu àquela gente<br />
que os médiuns são, ou deveriam ser, inertes, e que deveria haver uma força<br />
inteligente por detrás do médium, o qual apenas pode ser aconselhado e encorajado<br />
por uma simpatia suave e raciocinada, por uma atitude cheia de tato.<br />
Eva, médium de materializações, veio à França, mas os resultados foram<br />
parcos e as precauções exageradas comprometeram os resultados que se tinham em<br />
vista. O relatório em que a comissão dá as suas conclusões é um documento<br />
contraditório, pois que, enquanto o ocasional leitor fica sabendo de seu texto que<br />
não houve resultados — pelo menos dignos de registro — o texto se acha ilustrado<br />
com fotografias de derrame de ectoplasma, exatamente — em ponto menor — aos<br />
que foram obtidos em Paris. Madame Bisson, que acompanhou a sua protegida a<br />
Londres, para infelicidade de ambas, naturalmente ficou indignada com tal resultado<br />
e o Doutor Geley publicou um trabalho incisivo no Boletim do Instituto de<br />
Metapsíquica, no qual expôs os erros da investigação e a desvalia do relatório.<br />
Os Professôres da Sorbonne devem ser desculpados por terem manejado<br />
Eva sem o menor respeito às leis psíquicas, mas os representantes de um organismo<br />
de psiquismo científico deveriam ter mostrado maior compreensão.<br />
O ataque a Mr. Hope, o fotógrafo do psiquismo, foi examinado por uma<br />
comissão muito independente e ficou demonstrado que era inconsistente e, até, tinha<br />
sinais de uma conspirata contra o médium. Nesse caso tortuoso a sociedade foi<br />
implicada diretamente, desde que um de seus diretores participou das investigações<br />
e reportou os resultados no jornal, órgão oficial da sociedade. Toda essa história,<br />
inclusive a recusa da sociedade de enfrentar os fatos que lhe eram apontados,<br />
deixam uma sombra sobre tudo que lhes diz respeito.<br />
A despeito de tudo que foi dito e feito, o mundo tem favorecido a existência<br />
da SOCIETY FOR PSYCHICAL RESEARCH Ela tem sido uma espécie de banco<br />
de redesconto para as ideias sobre psiquismo e um pouso para os que foram atraidos<br />
para o assunto embora ainda temessem um contacto mais íntimo com uma filosofia<br />
tão radical quanto a Filosofia Espírita. Houve um constante movimento entre os<br />
membros da direita no sentido da negação e da esquerda no sentido da aceitação. O<br />
simples fato da substituição de presidentes por Espíritas profundos é um sinal de que<br />
o elemento antiespiritual não era muito intolerante ou intolerável. De um modo<br />
geral, como toda instituição humana, ela está aberta para o elogio e para a censura.<br />
Se teve suas passagens sombrias, também foi ocasionalmente iluminada por<br />
períodos brilhantes. Constantemente tem lutado contra a acusação de ser uma mera<br />
sociedade espírita, o que a privaria da posição de judiciosa imparcialidade, que<br />
pretende ter, mas que nem sempre exercitou. Sua situação por vezes foi difícil e o<br />
simples fato de que a sociedade se tem mantido por tantos anos é uma prova de que<br />
tem havido alguma sabedoria em sua atitude; e de que podemos esperar que o<br />
período de esterilidade e de mirrada crítica negativa esteja marchando para o seu<br />
termo. Enquanto isto, o Psychic College, uma instituição fundada pelo trabalho de<br />
autosacrifício de Mr. Hewat McKenzie e sua senhora, tem mostrado amplamente