A HISTÓRIA DO ESPIRITISMO Conan Doyle
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114 – Arthur <strong>Conan</strong> <strong>Doyle</strong><br />
outros destacados mantenedores do movimento a se afastarem deste. Howitt e outros<br />
escreveram fortes artigos contra essa tendência no Spiritual Magazine.<br />
Uma sugestão, quanto à necessidade de cautelas e equilíbrio apareceu nas<br />
observações de Mr. William Stainton Moses que, numa comunicação lida perante a<br />
Associação Nacional Britânica dos Espiritistas, a 26 de janeiro de 1880 diz 37 :<br />
“Precisamos muitíssimo de disciplina e de educação. Ainda não tomamos<br />
pé após o nosso rápido crescimento. Nascida há trinta anos, a criança cresceu em<br />
estatura, mas não em sabedoria, e muito ràpidamente. Cresceu tão ràpidamente<br />
que a sua educação foi descurada. Na expressiva linguagem de sua pátria, foi<br />
“arrancada” promiscuamente. E o seu crescimento fenomenal absorveu todas as<br />
outras considerações. É chegado o momento em que aqueles que o consideraram<br />
como um aleijão produzido pela Natureza apenas para morrer prematuramente,<br />
começam a ver que se enganaram. A monstruosa criação quer viver; e, por baixo<br />
de sua feiúra, o menos simpático olhar percebe um objetivo coerente em sua<br />
existência. É a apresentação de um princípio inerente á natureza do homem, um<br />
princípio que a sua sabedoria desenvolveu até que fosse eliminado inteiramente,<br />
mas que brota sempre e sempre, malgrado seu — o princípio do Espírito como<br />
oposto à Matéria, da Alma agindo e existindo independentemente do corpo que a<br />
encerra. Longos anos de negação de alguma coisa, salvo as propriedades da<br />
matéria levaram as grandes luzes da ciência moderna ao puro Materialismo. Assim,<br />
para eles, o Espiritismo é um portento e um problema. É uma volta à superstição;<br />
uma sobrevivência de selvageria; um borrão na inteligência do século dezenove.<br />
Ridicularizado, ele ridiculariza; desdenhado, pagase na mesma moeda.”<br />
Em 1881 apareceu Light, um semanário espírita de alta classe, e em 1882<br />
assistimos à criação da Society for Psychical Research 38 .<br />
De um modo geral pode dizerse que a atitude da ciência organizada,<br />
durante esses trinta anos, foi tão irracional e anticientífica quanto a dos Cardeais<br />
para com Galileu e que, se tivesse havido uma Inquisição Científica, esta teria<br />
lançado o terror sobre o novo conhecimento. Nenhuma tentativa séria, de qualquer<br />
espécie, até a formação da SOCIETY FOR PSYCHICAL RESEARCH foi feita no<br />
sentido de compreender e explicar um assunto que estava atraindo a atenção de<br />
milhões de criaturas. Em 1853 Faraday lançou a teoria de que o movimento das<br />
mesas era produzido por uma pressão muscular, que pode realmente ser verdadeira<br />
nalguns casos, mas nenhuma relação tem com a levitação de mesas e, em todo o<br />
caso, só se aplica a uma classe de fenômenos psíquicos. A costumeira “objeção”<br />
científica era que nada ocorria, mas isto desprezava o testemunho de milhares de<br />
pessoas fidedignas. Outros sustentavam que aquilo que se passava era susceptível de<br />
ser repetido por um feiticeiro, e qualquer imitação grosseira, como a paródia dos<br />
Davenport, feita por Maskelyne, era calorosamente saudada como uma mistificação,<br />
sem referência ao fato de que todo o aspecto mental da questão, com a sua prova<br />
esmagadora, ficava inatingido. A gente “religiosa” ficava irritada por se ver sacudida<br />
nas suas práticas tradicionais e, como selvagem, se dispunha a admitir que tudo<br />
aquilo era obra do diabo. Assim Católicos Romanos e seitas Evangélicas se<br />
encontraram unidos na sua oposição. É fora de dúvida que podemos chamar<br />
37 The Psycological Review. Val. 2º, página 546.<br />
38 Sociedade de Pesquisas Psíquicas. N. do T.