A HISTÓRIA DO ESPIRITISMO Conan Doyle
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131 – <strong>HISTÓRIA</strong> <strong>DO</strong> <strong>ESPIRITISMO</strong><br />
presenciado esses fatos. Uma vez, quando a família tomava uma refeição, as facas,<br />
os garfos e os pratos dançaram e a mesa foi erguida no ar. Numa sessão, pouco<br />
depois, disso um lápis foi visto escrevendo em plena luz do dia, sem qualquer<br />
contacto humano. Então as sessões passaram a ser feitas com regularidade,<br />
começaram a aparecer luzes, e instrumentos de música boiavam no ar e eram<br />
tocados acima das cabeças dos circunstantes. A Voz Direta e outras manifestações<br />
extraordinárias se seguiram muito numerosas. Atendendo o pedido das inteligências<br />
comunicantes, os irmãos começaram programando os vários lugares onde seriam<br />
realizadas sessões públicas. Entre estranhos, insistiam pedidos de testes. A princípio<br />
os rapazes eram segurados por pessoas escolhidas entre os presentes, mas isto foi<br />
considerado insatisfatório, porque pensavam que aqueles que os seguravam eram<br />
comparsas. Então passaram a amarrálos com cordas. A leitura da lista das<br />
engenhosas maneiras de controle que eram propostas, sem que pudesse haver<br />
interferência, mostra como é quase impossível convencer cépticos opiniáticos.<br />
Desde que um processo de controle dava resultado, outro era proposto. Em 1857 os<br />
professôres da Universidade de Harvard examinaram os rapazes e os seus<br />
fenômenos. Assim se expressa o seu biógrafo: 46<br />
“Os professores demonstraram ingenuidade, propondo testes. Seriam eles<br />
capazes de se submeterem a ser algemados? Sim. Permitiriam que fossem<br />
agarrados? Sim. Fizeram uma dúzia de propostas, que foram aceitas e logo<br />
rejeitadas por seus próprios autores. Se algum teste fosse adotado pelos irmãos, isto<br />
bastava para o pôr de lado. Admitiam que estivessem preparados para isso, de modo<br />
que qualquer outro devia ser encontrado.”<br />
Finalmente os professôres trouxeram cento e cinquenta metros de corda,<br />
encheram de buracos o gabinete preparado numa de suas salas e ai amarraram<br />
brutalmente os rapazes. Todos os laços da corda foram amarrados com fio de linho e<br />
um deles, o Professor Pierce, isolouse dentro do gabinete, entre os dois rapazes.<br />
Imediatamente mostrouse a mão de um fantasma, moveramse instrumentos, que<br />
eram notados pelo professor junto à sua cabeça ou ao seu rosto. A cada instante, ele<br />
procurava os rapazes com as mãos, sempre constatando que estavam imobilizados.<br />
Por fim os operadores invisíveis libertaram os rapazes das suas amarras e quando o<br />
gabinete foi aberto, as cordas foram encontradas enroladas no pescoço do professor!<br />
Depois de tudo isso os professôres não fizeram nenhum relatório. É interessante ler a<br />
descrição de um aparelho de controle realmente interessante, consistindo do que se<br />
pode chamar de mangas e calças de madeira, muito bem pregadas, inventado por um<br />
homem chamado Darling, em Bangor, nos Estados Unidos. Como outros aparelhos,<br />
foi incapaz de evitar as manifestações. Devemos lembrar que muitos desses testes<br />
foram aplicados quando aqueles irmãos eram garotos, demasiado moços para terem<br />
aprendido complicados meios de mistificar.<br />
Não é estranho lerse que os fenômenos levantaram violenta oposição mais<br />
ou menos por toda a parte; e frequentemente os rapazes eram denunciados como<br />
trapaceiros e mistificadores. Foi depois de dez anos de trabalho público nas maiores<br />
cidades americanas que os irmãos Davenport vieram para a Inglaterra. Eles se<br />
haviam submetido com êxito a todas as provas que o engenho humano podia<br />
46 “A Biography o! the Brothers Davenport”, by T. L. Nichols, M. D. páginas 8788.