A HISTÓRIA DO ESPIRITISMO Conan Doyle
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65 – <strong>HISTÓRIA</strong> <strong>DO</strong> <strong>ESPIRITISMO</strong><br />
esperar que tal movimento poderia espalharse além dos limites do Cristianismo e<br />
derrubar algumas das barreiras que se erguem entre os vários grupos humanos.<br />
De tempos em tempos foram feitas tentativas para expor os fenômenos. Em<br />
fevereiro de 1851 o Doutor Austin Flint, o Doutor Charles A. Lee, e o Doutor C. B.<br />
Coventry, da Universidade de Buffalo, publicaram um trabalho 5 mostrando com<br />
satisfação que os ruídos verificados em presença das Irmãs Fox eram causados por<br />
estalos das juntas dos joelhos. Isto provocou uma resposta característica na<br />
imprensa, assinada por Mrs. Fish e Margaret Fox, assim dirigida aos três autores:<br />
“Como não desejamos ficar sob a imputação de impostoras, estamos<br />
dispostas a submeternos a uma adequada e decente investigação, desde que<br />
possamos escolher três senhores e três senhoras de nossa amizade, que estejam<br />
presentes aos trabalhos. Podemos assegurar ao público que ninguém está mais<br />
interessado do que nós na descoberta da origem dessas misteriosas manifestações.<br />
Se elas podem ser explicadas pelos princípios de anatomia ou de fisiologia, cabe ao<br />
mundo fazer a sua investigação e que seja descoberta a mistificação. Como parece<br />
haver muito interesse manifestado pelo público sobre esse assunto, quanto mais<br />
cedo for convenientemente esclarecido, mais depressa a investigação será aceita<br />
pelas abaixoassinadas.”<br />
Ann Leah Fish<br />
Margaret Fox<br />
A investigação foi feita, mas os resultados foram negativos. Numa nota em<br />
apêndice ao relatório do doutor, publicado no New York Tribune, o editor Horace<br />
Greeley observa:<br />
“Como foi noticiado em nossas colunas, os doutores começaram<br />
admitindo que a origem das batidas deveria ser física e sua causa primeira uma<br />
volição das senhoras referidas ou em duas palavras, que essas senhoras eram ‘as<br />
impostoras de Rochester’. Assim, eles aparecem neste caso como perseguidores<br />
numa acusação e devem ter escolhido outras pessoas como jurados e repórteres de<br />
um crime... É muito provável que tenhamos uma outra versão da história”.<br />
Muitos testemunhos logo apareceram em favor das Irmãs Fox, de modo que<br />
o único efeito da “exposição” do professor foi redobrar o interesse público pelas<br />
manifestações.<br />
Houve também a suposta confissão de Mrs. Norman Culver, que depôs a 17<br />
de abril de 1851, dizendo que Kate Fox lhe havia revelado todo o segredo de como<br />
eram praticadas as batidas. Era uma pura invenção e Mr. Capron publicou uma<br />
esmagadora resposta, mostrando que na data em que Catherine Fox havia<br />
supostamente feito aquela confissão a Mrs. Culver, estava em sua casa, a setenta<br />
milhas de distância. Mrs. Fox e suas três filhas iniciaram as sessões públicas em<br />
Nova Iorque na primavera de 1850, no Hotel Barnum, e atraíram muitos curiosos. A<br />
imprensa foi quase unânime em as denunciar. Uma brilhante exceção foi constituída<br />
pelo já citado Horace Greeley, que escreveu um artigo em seu jornal, com as<br />
próprias iniciais, parte do qual se acha adiante, no Apêndice.<br />
5 Capron: “Modern Spiritualism, etc.” páginas 310313.