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A HISTÓRIA DO ESPIRITISMO Conan Doyle

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125 – <strong>HISTÓRIA</strong> <strong>DO</strong> <strong>ESPIRITISMO</strong><br />

questão, logo de saída, e posteriormente se ofereceram para a examinar, sob a<br />

condição de que fosse aceita a sua opinião. Sir David Brewster, como ficou dito,<br />

disse algo de honesto, e depois, em pânico, negou que o houvesse dito, esquecendose<br />

de que a prova já estava feita. Browning escreveu um longo poema — se é que<br />

aquilo se pode chamar poesia — descrevendo uma manifestação que jamais ocorreu.<br />

Carpenter conquistou uma notoriedade pouco invejável como opositor sem<br />

escrúpulos, ao proclamar uma singularíssima tese espírita de sua invenção. Os<br />

secretários da Sociedade Real recusaram o convite para assistirem às demonstrações<br />

de Crookes sobre os fenômenos físicos, enquanto se manifestavam terminantemente<br />

contra os mesmos. Lord Giffard despejou da Tribuna contra um súdito os primeiros<br />

elementos daquilo que ignorava.<br />

Quanto ao clero nenhuma ordem deve ter sido dada, durante os trinta anos<br />

em que a mais maravilhosa dispensação espiritual desde muitos séculos foi dada ao<br />

público. Não é possível recordar o nome de um único clérigo britânico que tivesse<br />

mostrado um interesse inteligente.<br />

E em 1872, quando começou a aparecer em The Times uma descrição<br />

minuciosa das sessões de São Petersburgo, a coisa foi cortada logo, segundo Mr. H.<br />

T. Humphreys, “devido ás fortes queixas feitas a Mr. Delane, seu diretor, por<br />

algumas figuras da alta direção da Igreja da Inglaterra.” Tal foi a contribuição dos<br />

nossos dirigentes espirituais. O Doutor Elliotson, o nacionalista, era muito mais vivo<br />

do que eles. Eis o amargo comentário da senhora Home: “O veredito de sua própria<br />

geração foi o do cego e do surdo contra quem vê e ouve”.<br />

A caridade era uma das mais belas características de Home. Como toda<br />

verdadeira caridade, era secreta e só se tornava conhecida indiretamente, e por<br />

acaso. Um de seus numerosos caluniadores declarou que lhe havia endossado uma<br />

letra de cinquenta libras em favor de seu amigo Mr. Rymer. Em legítima defesa<br />

apurou­se que não era uma letra, mas um cheque, enviado muito generosamente por<br />

Mr. Home para tirar aquele amigo de um apuro.<br />

Considerando a sua constante pobreza, cinquenta libras talvez<br />

representassem uma boa parte de suas reservas bancárias. Sua viúva se detém com<br />

perdoável orgulho sobre muitas provas encontradas em suas cartas, após a sua<br />

morte. “Agora é um artista desconhecido, para cujo pincel o generoso esforço de<br />

Home havia encontrado emprego; depois, é um trabalhador infeliz que escreve<br />

sobre a sua esposa doente, cuja vida foi salva pelo conforto proporcionado por Mr.<br />

Home; ou uma mãe que agradece o seu apoio para a iniciação de seu filho na vida.<br />

Quanto tempo e quanta atenção devotou ele aos outros quando as circunstâncias de<br />

sua vida levariam muitos homens a pensar apenas em si próprios e em suas<br />

necessidades.”<br />

“Mande­me uma palavra do coração que tantas vezes soube consolar um<br />

amigo!” exclamava um de seus protegidos. “Poderei um dia mostrar­me digno de<br />

todo o bem que você me fez?” pergunta outro numa carta.<br />

Encontramo­lo vagando pelos campos de batalha, perto de Paris, às vezes<br />

debaixo de fogo, com os bolsos cheios de cigarros para os feridos. Um oficial<br />

alemão escreve afetuosamente para lhe lembrar como o salvou de morrer de<br />

hemorragia, carregando­o em seus fracos ombros para fora da zona de fogo.

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