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A HISTÓRIA DO ESPIRITISMO Conan Doyle

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231 – <strong>HISTÓRIA</strong> <strong>DO</strong> <strong>ESPIRITISMO</strong><br />

quais a mais notável e convincente foi a que se chamou “O Ouvido de Dionysius”. É<br />

preciso convir que, depois da inferior e, ocasionalmente, sórdida atmosfera dos<br />

fenômenos físicos, essas incursões intelectuais nos levantam para uma atmosfera<br />

mais pura e mais rarefeita. As correspondências cruzadas foram muito prolongadas e<br />

complexas para conquistar simpatias e tinham uma penosa semelhança a um pedante<br />

jogo de salão. Já é diferente com o Ouvido de Dionysius. Este naturalmente assume<br />

um tom acadêmico, desde que é um assunto clássico, presumivelmente manejado<br />

por dois professôres, mas é uma tentativa muito direta e muito clara para provar a<br />

sobrevivência, mostrando que ninguém, a não ser aqueles dois homens, poderia ter<br />

escrito a mensagem e que esta certamente estava acima do conhecimento e das<br />

faculdades de quem escreve.<br />

Esse escritor, que preferiu tomar o nome de Mrs. Willet, em 1910 escreveu<br />

a frase “Ouvido de Dionysius. O Lóbulo”. Aconteceu que se achava presente Mrs.<br />

Verall, esposa de um famoso homem de letras. Ela levou a frase ao seu marido. Ele<br />

explicou que o nome era dado a uma enorme pedreira abandonada em Siracusa, que<br />

tinha a forma aproximada de uma orelha de jumento. Nesse lugar os infelizes<br />

atenienses prisioneiros tinham sido confinados, depois daquela famosa derrota que<br />

foi imortalizada por Tucídides; tinha recebido aquele nome porque as suas<br />

peculiares condições acústicas tinham permitido que o Tirano Dionysius ouvisse a<br />

conversa de suas vítimas.<br />

O Doutor Verall morreu pouco depois. Em 1914 as mensagens de Mrs.<br />

Willett começaram a encerrar muitas referências ao “Ouvido de Dionysius”. Esta<br />

pareciam provir do ilustre morto. Por exemplo, uma sentença dizia: “Lembra­se de<br />

que você não sabia e eu lamentei a sua ignorância dos clássicos? Ela se referia a<br />

um lugar onde foram postos os escravos e se liga à escuta também à acústica. Pense<br />

na galeria dos cochichos”.<br />

Algumas das alusões, como as citadas, indicavam o Doutor Verall,<br />

enquanto outras pareciam associadas a um outro cientista morto em 1910. Era o<br />

Professor S. H. Butcher, de Edimburgo. A mensagem dizia assim: “Pai Cam<br />

passeando de braço dado com o Canongate”, isto é, Cambridge com Edimburgo.<br />

Esse estranho mosaico foi descrito por um guia como “uma associação literária de<br />

ideias, indicando a influência de duas mentes desencarnadas”. Essa ideia certamente<br />

foi desenvolvida, e ninguém poderá ler cuidadosamente o resultado sem se<br />

convencer de que ela tem sua origem nalguma coisa absolutamente distante de quem<br />

escreve. Tão recônditas eram as alusões clássicas que mesmo os melhores cientistas<br />

por vezes eram vencidos; e um deles declarou que nenhum cérebro de seu<br />

conhecimento, a não ser os de Verrall ou de Butcher, poderia ter produzido aquilo.<br />

Depois de minucioso exame das mensagens, Mr. Gerald Balfour declarou que estava<br />

disposto a aceitar aqueles dois sábios como “os verdadeiros autores do curioso<br />

quebracabeça literário”. Os mensageiros invisíveis parece que se fatigaram de tão<br />

complicados métodos e a Butcher é atribuida esta expressão: “Oh! Essa velha<br />

atrapalhação é tão fatigante!” Não obstante, o resultado alcançado é um dos mais<br />

marcantes êxitos nas pesquisas puramente intelectuais da SOCIETY FOR<br />

PSYCHICAL RESEARCH O trabalho da SOCIETY FOR PSYCHICAL<br />

RESEARCH durante os recentes anos não tem melhorado a sua reputação e é com<br />

relutância que o autor, um dos seus mais velhos membros, é obrigado a dizê­lo. O

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