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A HISTÓRIA DO ESPIRITISMO Conan Doyle

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118 – Arthur <strong>Conan</strong> <strong>Doyle</strong><br />

Edmonds, da Suprema Corte de Nova Iorque. Estes três, como ficou dito, tornaramse<br />

espiritistas convictos.<br />

Nesses primeiros anos o encanto da personalidade de Home e a profunda<br />

impressão criada por sua força permitiram que recebesse muitas ofertas. O Professor<br />

George Bush convidou­o para sua companhia, a fim de estudar para ministro<br />

swedenborgiano; Mr. e Mrs. Elmer, um rico casal sem filhos, que lhe haviam<br />

tomado grande afeição, ofereceram­se para adotá­lo e fazê­lo seu herdeiro, com a<br />

condição de trocar o nome pelo de Elmer.<br />

Seu notável poder curador tinha excitado a admiração e, persuadido pelos<br />

amigos, começou a estudar medicina. Mas a sua saúde delicada, complicada com<br />

uma afecção pulmonar, forçou­o a abandonar os seus planos e, a conselho médico,<br />

deixou Nova Iorque e foi para a Inglaterra.<br />

Chegou a Liverpool a 9 de abril de 1855, e foi descrito como um jovem<br />

alto, esguio, de marcada elegância e exagerada limpeza do vestir, mas com um olhar<br />

típico e uma expressão que traía a devastação feita pela moléstia. Tinha os olhos<br />

azuis e os cabelos castanhos; era desse tipo facilmente sujeito a tuberculose e a<br />

extrema emaciação mostrava quanto era insignificante a sua capacidade de<br />

resistência. Um médico, bom observador, certamente lhe faria um prognóstico de<br />

apenas uns meses de vida, num clima úmido como o nosso e de todas as maravilhas<br />

que Home realizava, o prolongamento da sua vida certamente não foi das menores.<br />

Seu caráter já havia tomado aqueles traços emocionais e religiosos que o<br />

distinguiam e ele recordou como, antes de desembarcar, correu para o seu camarote<br />

e ajoelhou­se em prece. Quando a gente considera a admirável carreira que se abre à<br />

sua frente e o grande papel que ele desempenhou no estabelecimento das bases<br />

materiais que diferenciam esse movimento religioso de qualquer outro, pode<br />

proclamar­se que esse visitante estava entre os mais notáveis missionários que<br />

jamais apareceram por estas plagas.<br />

No momento a sua posição era muito singular. Tinha uma relação difícil<br />

com o mundo.<br />

Seu pulmão esquerdo estava parcialmente destruído. Seus recursos eram<br />

modestos, embora suficientes. Não tinha negócios nem profissão e sua educação<br />

havia sido interrompida pela doença. De caráter desconfiado, gentil, sentimental,<br />

artístico, afetuoso e profundamente religioso, tinha uma profunda tendência para a<br />

Arte e para o Drama. Assim, a sua capacidade para a escultura era considerável e<br />

como declamador provou mais tarde que pouca gente o igualava. Mas acima de tudo<br />

isto, de uma honestidade inflexível e tão rigorosa que por vezes chegava a ofender<br />

aos seus aliados, havia um dom tão admirável que apagava todos os demais. Este<br />

repousa naquelas forças, muito independentes de sua vontade, que iam e vinham<br />

com desconcertante subitaneidade, mas demonstrando a todos que examinassem a<br />

prova, que havia algo na atmosfera desse homem que permitia que as forças a ele<br />

exteriores, como exteriores à nossa percepção, se manifestassem neste plano da<br />

matéria. Por outras palavras, ele era um médium — o maior que o mundo moderno<br />

já viu, no campo das manifestações físicas.<br />

Um homem inferior teria usado os seus poderes extraordinários para fundar<br />

uma seita especial, da qual teria sido o sumo sacerdote inconteste, ou para se rodear<br />

de uma auréolà de poder e de mistério. Certamente muita gente na sua posição teria

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