A HISTÓRIA DO ESPIRITISMO Conan Doyle
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189 – <strong>HISTÓRIA</strong> <strong>DO</strong> <strong>ESPIRITISMO</strong><br />
Entre os investigadores incluíamse figuras distintas, como Charles Richet,<br />
o Casal Curie, Bergson, Perrin, o Professor d’Arsonval, do Colégio de França, que<br />
era o presidente da Sociedade, o Conde de Grammont, o Professor Charpentier e o<br />
Reitor Debierne, de Sorbonne. O resultado obtido não foi desastroso para a médium,<br />
desde que o Professor Richet endossou a realidade de sua força psíquica, mas os<br />
pequenos desuses de Eusapia são registrados no subsequente relato de sua carreira e<br />
bem podemos imaginar o efeito desconcertante que teriam tido sobre aqueles para<br />
quem essas coisas eram novidade.<br />
Está incluída no relatório uma espécie de conversa entre os assistentes, na<br />
qual falam do assunto, muitos porém de maneira nebulosa e imprópria para mentes<br />
disciplinadas. Não se pode alegar que qualquer luz nova tivesse sido derramada<br />
sobre a médium ou que qualquer novo argumento tivesse sido aduzido, quer pelos<br />
cépticos, quer pelos crentes. Entretanto o Doutor Geley, que se aprofundou tanto<br />
quanto quem mais o fez no psiquismo, proclama que “as experiências” — e não o<br />
relatório — constituem valiosa contribuição para o assunto 90 . Baseiase ele no fato<br />
que os resultados verificados, por vezes, confirmam notavelmente os obtidos em seu<br />
próprio Instituto Metapsíquico, com Kluski, Guzik e outros médiuns. As diferenças,<br />
diz ele, são de detalhes: nunca essenciais, O controle das mãos foi o mesmo em<br />
ambos os casos, onde ambas as mãos eram presas. Isto foi mais fácil no caso dos<br />
últimos médiuns, especialmente com Kluski em transe, enquanto Eusapia era<br />
geralmente muito irrequieta. Parece que o meio termo era a condição característica<br />
de Eusapia e o que foi observado pelo autor no caso do Frau Silbert, Evan Powell e<br />
outros médiuns, onde a personalidade parece normal, e ainda peculiarmente<br />
susceptível de sugestão ou outras impressões mentais. A suspeita de fraude pode ser<br />
levantada muito facilmente em tais condições, porque o desejo geral da parte da<br />
assistência de que aconteça alguma coisa reage fortemente sobre a mente do<br />
médium, que no momento não raciocina. Um amador que tinha alguma força<br />
psíquica garantiu ao autor que necessita de considerável inibição para manter tais<br />
impulsos latentes e aguardar de fora a verdadeira força. Nesse relatório lemos:<br />
“Estando controladas as mãos, os joelhos e os pés de Eusápia, a mesa ergueuse<br />
subitamente, pelos quatro pés, que ficaram acima do chão. Eusapia cerra os punhos<br />
e os apóia na mesa, que então se ergue completamente do chão, cinco vezes<br />
seguidas, ao mesmo tempo que eram dadas cinco batidas. É de novo levantada<br />
completamente, enquanto cada uma das mãos de Eusapia se apóia na cabeça de um<br />
assistente. É levantada de cerca de trinta centímetros do solo e suspensa no ar<br />
durante sete segundos, enquanto mantém a mão sobre a mesa e uma vela acesa é<br />
colocada debaixo”, e assim por diante, com provas mais conclusivas com a mesa e<br />
outros fenômenos.<br />
A timidez do relatório foi satirizada pelo grande espírita francês Gabriel<br />
Delanne. Disse ele: “O relatório insiste em dizer ‘parece’ e ‘dá a impressão’, de um<br />
homem que não está seguro daquilo que descreve. Os que realizaram quarenta e<br />
três sessões, com bons olhos e aparelhos de verificação devem ter uma opinião<br />
firmada — ou, pelo menos, ser capazes de dizer, se consideram determinado<br />
fenômeno como fraudulento; que numa determinada sessão tinham visto o médium<br />
90 L’Ectoplasmie et la Clairvoyance” 1924, página 402.