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A HISTÓRIA DO ESPIRITISMO Conan Doyle

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93 – <strong>HISTÓRIA</strong> <strong>DO</strong> <strong>ESPIRITISMO</strong><br />

lhe foi impossível pôr em dúvida. Logo descobriu que era, também ela, um poderoso<br />

médium; e um dos melhores documentados e dos mais sensacionais casos no início<br />

do movimento foi aquele no qual ela recebeu a informação de que o navio “Pacific”<br />

tinha naufragado no Atlântico médio, perecendo todos os passageiros, e foi<br />

perseguida pela companhia proprietária do navio, por haver repetido o que lhe havia<br />

dito o Espírito de uma das vítimas da catástrofe. Verificou­se que a informação era<br />

exata e o navio jamais foi encontrado.<br />

Mrs. Emma Hardinge — que, por um segundo casamento, tornou­se Mrs.<br />

Hardinge Britten trouxe todo o seu temperamento entusiástico para o novo<br />

movimento e deixou nele um rastro ainda visível. Foi uma propagandista ideal, pois<br />

reunia todos os dons. Era uma médium forte, oradora, escritora, pensadora<br />

equilibrada e trabalhadora infatigável. Ano após ano viajou de leste a oeste e de<br />

norte a sul dos Estados Unidos, proclamando a nova doutrina em meio a muita<br />

oposição, dado o seu caráter de militante e antiprotestante de seus pontos de vista,<br />

que confessava receber diretamente de seus guias espirituais.<br />

Entretanto, como esses pontos de vista eram que a moral das Igrejas estava<br />

demasiadamente relaxada e que se aspiravam mais altos padrões, não é de supor que<br />

o fundador do Cristianismo fosse atingido por sua crítica. Essas opiniões de Mrs.<br />

Hardinge Britten diziam mais com o largo ponto de vista unitário dos corpos<br />

espiritualistas oficiais, que ainda existem, do que com qualquer outra causa.<br />

Em 1866 voltou ela para a Inglaterra, onde trabalhou infatigàvelmente,<br />

produzindo as suas ideias duas grandes obras “Modern Americctn Spiritualism” e,<br />

mais tarde, “Nineteenth Century Miracles”, ambas demonstrando interessante e<br />

volumosa pesquisa unida a um raciocínio claro e lógico. Em 1870 casou­se com o<br />

Doutor Britten, tão forte espírita quanto ela. Parece que foi uma união realmente<br />

feliz. Em 1878 foram à Austrália e Nova Zelândia, como missionários do<br />

Espiritismo, aí demorando muitos anos, fundando várias igrejas e sociedades, que o<br />

autor encontrou ainda de pé, quando, quarenta anos mais tarde, visitou os Antípodas<br />

com o mesmo objetivo. Quando na Austrália, escreveu ela “Faiths, Facts and Frauds<br />

of Religions History” 22 , livro que ainda exerce muita influência. Houve então,<br />

indubitàvelmente, estreita conexão entre o movimento do livre pensamento e a nova<br />

revelação espírita. O Hon. Robert Stout, Procurador Geral da Nova Zelândia, era, ao<br />

mesmo tempo, Presidente da Associação dos Livre Pensadores e Espiritista ardente.<br />

Entretanto, agora se compreende mais claramente que as manifestações espíritas e<br />

seu ensino são demasiadamente largos, para se ajustarem a qualquer sistema,<br />

negativo ou positivo, e que é possível a um Espiritista professar qualquer credo,<br />

enquanto tiver o respeito essencial ao invisível e desprendimento por aqueles que o<br />

cercam.<br />

Entre outros monumentos de sua energia, Mrs. Hardinge Britten fundou<br />

“The Two Worlds” 23 de Manchester, que ainda, tem tão grande circulação quanto<br />

qualquer jornal espírita no mundo. Transpôs os umbrais em 1889, tendo deixado<br />

suas pegadas indeléveis sobre a vida religiosa de três continentes. Essa digressão<br />

sobre os primeiros dias do progresso na América foi longa mas necessária. Aqueles<br />

22<br />

“Fé, Fatos e Fraudes da História Religiosa” — N. do T.<br />

23<br />

“Os dois mundos” – N. do T.

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