A HISTÓRIA DO ESPIRITISMO Conan Doyle
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328 – Arthur <strong>Conan</strong> <strong>Doyle</strong><br />
Neste mundo e atualmente o homem devia fazer — e por vezes o consegue<br />
por algum tempo — o céu. Mas há longos períodos que são muito intoleráveis<br />
imitações do inferno, enquanto purgatório deve ser o nome dado à condição normal.<br />
No Outro Lado as condições devem ser, esquemàticamente, divididas em<br />
três. Há os que se acham presos à Terra e que trocaram os seus corpos mortais por<br />
corpos etéricos, mas que são mantidos na superfície deste mundo, ou próximos dela,<br />
pela grosseria de sua natureza ou pela intensidade de seu interesse mundano. Tão<br />
áspera deve ser a contextura de sua forma extraterrena, que devem ser reconhecidos<br />
mesmo por aqueles que não possuem o dom especial da clarividência. Nessa infeliz<br />
classe errante está a explicação de todos aqueles fantasmas, espectros e aparições, as<br />
casas assombradas que têm chamado a atenção da humanidade em todas as épocas.<br />
Essa gente, até onde podemos compreender a sua situação, ainda não começou a sua<br />
vida espiritual, nem boa, nem má. Somente quando se rompem os fortes laços da<br />
Terra é que se inicia uma vida nova.<br />
Os que realmente começaram aquela existência encontramse naquela faixa<br />
da vida que corresponde à sua própria condição espiritual. É o castigo do cruel, do<br />
egoísta, do fanático, do frívolo, que se encontram em companhia de seu semelhante<br />
e em mundos de luz que, variando do nevoeiro à escuridão, tipifica o seu próprio<br />
desenvolvimento espiritual. Esse ambiente, entretanto, não é permanente. Os que<br />
não fizeram um esforço ascensional, entretanto, ficarão aí indefinidamente, enquanto<br />
outros que dão ouvidos ao ensino de Espíritos auxiliadores, mesmo de baixos<br />
círculos da Terra, cedo aprendem a lutar para subir a zonas mais brilhantes. Em<br />
comunicações dadas na própria família do autor, ele aprendeu o que era ter contacto<br />
com esses seres das trevas exteriores e teve a satisfação de receber os seus<br />
agradecimentos por uma visão mais clara de sua situação, as suas causas e os meios<br />
de cura. 235<br />
Tais Espíritos pareceriam uma ameaça constante à humanidade porque se a<br />
aura protetora do indivíduo fosse de certo modo defeituosa, aqueles poderiam<br />
tornarse parasitas, estabelecendose nela e influenciando as ações de seu<br />
hospedeiro. É possível que a ciência do futuro possa verificar que muitos casos de<br />
inexplicável mania, de insensata violência, de súbita inclinação para hábitos viciosos<br />
tenham essa causa, o que oferece um argumento contra a pena capital, de vez que o<br />
resultado deve ser dar mais forças para o mal do criminoso. Deve admitirse que o<br />
assunto ainda é obscuro, que é complicado pela existência de pensamentosforma e<br />
de formas de memória, e que, em todo caso, todos os Espíritos presos à Terra não<br />
são necessàriamente maus. Parece, por exemplo, que os monges devotos de qualquer<br />
venerável Glastonbury deveriam estar presos às suas ruínas assombradas pela<br />
simples força de sua devoção.<br />
Se o nosso conhecimento das exatas condições dos que estão presos à Terra<br />
é defeituoso, maior ainda é o dos Círculos de punição. Há uma história de certo<br />
modo sensacional em “Gone West”, de Mr. Ward; há outra mais temperada e crível<br />
na “Vida Além do Véu”, do Reverendo Vale Owen; e há muitas corroborações nas<br />
235<br />
Em “Trinta Anos Entre os Mortos”, do Senhor Wickland, e no Apêndice de<br />
“Glimpses of the Next State”, do Almirante lisborne Moore, temos um relato<br />
completo da situação dos que se acham presos à Terra.