A HISTÓRIA DO ESPIRITISMO Conan Doyle
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261 – <strong>HISTÓRIA</strong> <strong>DO</strong> <strong>ESPIRITISMO</strong><br />
sempre houve resultados, mas em nenhum os extras foram reconhecidos. O autor<br />
está perfeitamente certo da força psíquica de Mrs. Deane, que foi magnificamente<br />
demonstrada durante uma longa série de experiências feitas por Mr. Warrick, sob<br />
todas as possíveis condições de teste e que são minuciosamente descritas em Psychic<br />
Science 165 .<br />
Entretanto a sua experiência pessoal nunca foi evidente e, atendose a ela,<br />
não se pode falar com segurança. Ele empregou as próprias chapas de Mrs. Deane e<br />
tem uma forte impressão de que os rostos podem ter sido precipitados nas chapas<br />
nos dias de preparação, quando ela as levava em pacotes. Ela tem a impressão de<br />
que facilitava assim os resultados obtidos; mas talvez se enganasse, pois o caso<br />
Cushman foi uma surpresa. Também há a consignar que uma vez ela foi vítima de<br />
um truque no Psychic College: seu pacote de chapas foi substituido por outro. Não<br />
obstante os extras foram obtidos. Bem que podia ser avisada, pois se abandonasse o<br />
método que lhe dá resultados, embora legítimos, seriam eles passíveis de ataque 166 .<br />
Já o caso é diferente com Mr. Hope. Nas várias oportunidades em que o<br />
autor experimentou com ele, fêlo com as suas próprias chapas, prêviamente<br />
marcadas na câmara escura e manejadas e reveladas por ele próprio. Em quase todos<br />
os casos um extra foi conseguido; e esse extra — conquanto não tenha sido<br />
claramente reconhecido — certamente foi uma produção anormal. Mr. Hope<br />
suportou os costumeiros ataques da ignorância e da malícia, a que se acham<br />
expostos todos os médiuns, mas sempre deles saiu com a honra inatingida.<br />
Uma referência deve ser feita aos notáveis resultados de Mr. Staveley<br />
Bulford, talentoso estudante de psiquismo, que produziu os melhores e mais<br />
autênticos retratos psíquicos.<br />
Ninguém poderá olhar o seu livro de recortes e notar o gradual<br />
desenvolvimento de seus dons, desde as simples manchas de luz até os rostos<br />
perfeitos, sem ficar convencido da realidade do processo.<br />
O assunto é ainda obscuro e toda a experiência pessoal do autor é no<br />
sentido de defender o ponto de vista de que num certo número de casos nada de<br />
externo foi realizado: o efeito é produzido por uma espécie de raio, que carrega a<br />
figura, penetra os sólidos, como a parede do caixilho, e a imprime na placa. A<br />
experiência já citada, na qual duas máquinas foram usadas simultaneamente, com o<br />
médium entre elas, parece conclusiva, de vez que mostra um resultado numa chapa e<br />
não na outra. O autor obteve resultados em chapas que jamais saíram do caixilho e<br />
tão bons quanto os das que haviam sido expostas à luz. É provável que se Hope<br />
jamais tivesse tirado a tampa da objetiva, por vezes os seus resultados teriam sido os<br />
mesmos.<br />
Seja qual for a eventual explicação, a única hipótese que atualmente abarca<br />
os fatos é a de uma sábia e invisível Inteligência presidindo à operação e trabalhando<br />
a sua maneira, e que mostra diferentes resultados em grupos diferentes. Tão<br />
padronizados são os métodos de cada um que o autor é capaz de dizer, à primeira<br />
vista, qual o fotógrafo que fez a chapa que lhe apresentarem. Supondo que tal<br />
Inteligência tenha os poderes que lhe são atribuidos, podemos então ver<br />
165 Julho, 1925.<br />
166 Desde que escreveu esta observação, o autor tem experimentado a médium com as suas próprias<br />
chapas, fazendo ele próprio a revelação. Obteve seis resultados psíquicos em oito experiências.