A HISTÓRIA DO ESPIRITISMO Conan Doyle
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153 – <strong>HISTÓRIA</strong> <strong>DO</strong> <strong>ESPIRITISMO</strong><br />
Sem querer ser muito didata num assunto que ainda se acha na fase de<br />
exame, pode ser admitido, como hipótese muito aceitável, que os vapores<br />
ectoplásmicos, que se solidificam numa substância plástica, da qual surgem as<br />
formas, podem condensarse mais facilmente num espaço limitado. Entretanto,<br />
achouse que a presença do médium não era necessária dentro desse espaço. Na<br />
maior sessão de materialização a que o autor esteve presente, na qual cerca de vinte<br />
formas de várias idades e tamanhos apareceram numa noite, o médium estava<br />
sentado fora da porta da cabine, da qual saíam as formas. É de presumir que, de<br />
acordo com a hipótese, seu vapor ectoplásmico fosse levado para aquele espaço<br />
confinado, independentemente da posição de seu corpo físico. Isso não tinha sido<br />
reconhecido ao tempo da investigação, de modo que a cabine foi utilizada.<br />
É óbvio, entretanto, que a cabine oferecia um meio para fraudes e disfarces,<br />
com o que era cuidadosamente examinada. Ficava num segundo andar, e tinha uma<br />
janelinha. Olcott tinha a janela tapada com tela antimosquito, pregada por fora, O<br />
resto da cabine era de madeira sólida e só atingível pela sala onde se achavam os<br />
espectadores. Parece que não havia possibilidades de fraudes. Olcott a tinha feito<br />
examinar por um perito, cujo certificado aparece no livro.<br />
Em tais circunstâncias Olcott contou em seus artigos e, depois, no seu<br />
notável livro “People fron the Other World” 65 que, certamente, durante dez<br />
semanas, viu nada menos de quatrocentas aparições saindo da cabine, de todas as<br />
formas, tamanhos, sexos e raças, vestidos maravilhosamente, crianças de colo,<br />
guerreiros índios, cavalheiros em trajes de rigor, um curdo com uma lança de nove<br />
pés, uma índia pele vermelha fumando, senhoras com vestidos elegantes, etc. Tal o<br />
testemunho de Olcott.<br />
E não havia um caso que ele não fosse capaz de dar as mais seguras provas.<br />
Seu relato foi recebido com incredulidade, mas agora já produz menor descrença.<br />
Mas Olcott dominava o assunto e, tomando suas precauções, preveniu, assim como<br />
prevenimos, a crítica daqueles que, não tendo estado presentes, preferem dizer que<br />
os que estavam ou foram enganados ou eram malucos. Diz ele: “Se alguém lhes fala<br />
de crianças carregadas por senhoras que saem da cabine, ou de moças de formas<br />
flexíveis, cabelos dourados e pequena estatura, de velhas e velhos apresentandose<br />
em corpo inteiro e falando conosco, de criançolas, vistas aos pares,<br />
simultaneamente com outras formas e roupas diferentes, de cabeças calvas, de<br />
cabelos grisalhos, de feias cabeças negras de cabelos encarapinhados, de fantasmas<br />
imediatamente reconhecidos como amigos, e fantasmas que falam de modo audível<br />
línguas estranhas que o médium desconhece — sua indiferença não se altera... A<br />
credulidade de alguns homens de ciência, também, seria ilimitada — antes<br />
prefeririam acreditar que uma criança possa levantar uma montanha sem uma<br />
alavanca do que umEspírito possa levantar um peso.”<br />
Mas, de lado o céptico irredutível, que ninguém convence, e que, no último<br />
dia classificará o Anjo Gabriel como uma ilusão de ótica, há algumas objeções<br />
muito naturais que um novato pode fazer honestamente e um pensador honesto pode<br />
responder. Podemos aceitar uma lança de nove pés como sendo um objeto<br />
espiritual? Que dizer dessas roupagens? De onde vêm elas? A resposta se encontra,<br />
65 “Gente do Outro Mundo” — N. do T.