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A HISTÓRIA DO ESPIRITISMO Conan Doyle

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127 – <strong>HISTÓRIA</strong> <strong>DO</strong> <strong>ESPIRITISMO</strong><br />

a Zõllner e outros professores em Leipzig, foram tão concludentes que se acham<br />

relatadas pelo famoso físico na Física Transcendental, de suas experiências com<br />

Slade. Deste modo, deve levar­se como uma pequena fraqueza do caráter de Home o<br />

fato de gritar e duvidar das forças que porventura ele não possuísse.<br />

Podem alguns acusá­lo de dirigir sua mensagem antes aos dirigentes da<br />

sociedade do que às massas trabalhadoras. É provável que, de fato, Home tivesse a<br />

fraqueza, assim como as graças de sua natureza artística, que o faziam sentir­se mais<br />

feliz numa atmosfera de elegância e de finura e uma repulsa visceral por tudo quanto<br />

fosse sórdido e desfavorecido.<br />

Se outras razões não existissem, o precário estado de saúde o tornava inapto<br />

para qualquer tarefa pesada; as contínuas hemorragias o levaram a preferir a<br />

agradável e refinada vida na Itália, na Suíça e na Riviera. Mas, em relação ao<br />

desenvolvimento de sua missão, de lado o auto­sacrifício pessoal, não há a menor<br />

dúvida de que a sua mensagem, levada ao laboratório de um Crookes ou à Corte de<br />

um Napoleão, foi mais útil do que se tivesse sido levada à multidão. A aprovação da<br />

ciência e do caráter era necessária antes que o público ficasse seguro de que essas<br />

coisas eram verdadeiras. Se isso não foi inteiramente conseguido a falta cabe<br />

certamente aos encapuçados homens de ciência e aos pensadores da época e de<br />

modo algum Home, que representou o seu papel de demonstrador com perfeição,<br />

deixando a outros homens menos dotados a análise e a publicidade do que lhes havia<br />

mostrado. Não era ele um homem de ciência, mas a matéria­prima da ciência,<br />

desejando ansioso que os outros dele pudessem aprender tudo quanto pudesse trazer<br />

ao mundo, de modo que a própria ciência pudesse dar testemunho da religião,<br />

enquanto se apoiasse sobre a ciência. Quando a mensagem de Home tiver sido<br />

aprendida completamente, um homem sem fé não será acusado de impiedade, mas<br />

de ignorância.<br />

Havia algo de patético no esforço de Home para descobrir alguma crença<br />

na qual pudesse satisfazer o seu próprio instinto gregário — porque ele não era tido<br />

como um individualista cabeçudo — e ao mesmo tempo achar um nicho no qual<br />

pudesse depositar seu próprio volume de autênticas verdades. Sua peregrinação<br />

reivindica a afirmação de alguns espíritas de que um homem pode pertencer a<br />

qualquer crença e possuir conhecimentos espíritas, mas também apóia os que<br />

replicam que a perfeita harmonia com aqueles conhecimentos espíritas só pode ser<br />

encontrada, tal qual a coisa se encontra agora, numa comunidade espírita especial.<br />

Ah! Se pudesse ser assim, pois é ele demasiado grande para afogar­se numa seita,<br />

por maior que seja ela. Na mocidade Home seguiu a Wesley, mas logo se passou<br />

para a mais liberal atmosfera do Congregacionalismo. Na Itália a atmosfera artística<br />

da Igreja Católica Romana e, possivelmente o registro de tantos fenômenos<br />

semelhantes aos seus próprios, levaram­no a se converter com a intenção de entrar<br />

para uma ordem monástica — intenção que o seu bom senso o levou a abandonar. A<br />

sua mudança de religião se deu num período em que as forças psíquicas o haviam<br />

abandonado durante um ano e seu confessor lhe garantiu que elas eram de origem<br />

perversa e que jamais lhe voltariam, agora que se transformara num filho da<br />

verdadeira Igreja. Não obstante, no próprio dia em que se completava um ano, elas<br />

voltaram com renovado vigor. Desde então parece que Home foi católico apenas de<br />

nome, se é que o foi, e depois de seu segundo casamento —ambos com senhoras

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