A HISTÓRIA DO ESPIRITISMO Conan Doyle
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62 – Arthur <strong>Conan</strong> <strong>Doyle</strong><br />
provas compensadoras lhe vieram assegurar que não era mais demoníaco nem mais<br />
admirável que inteligências desencarnadas fossem mistificadoras, do que as mesmas<br />
inteligências revestidas de corpos humanos se divertissem da mesma maneira<br />
maluca.<br />
O curso geral do movimento estava, então, mais amplo e mais importante.<br />
Já não era um assassinado que pedia justiça. Parece que o mascate havia sido usado<br />
como um prisioneiro e agora, achada uma saída e um método, miríades de<br />
inteligências formigavam às suas costas.<br />
Isaac Post havia criado um método de deletrear pelas batidas, através do<br />
qual estavam chegando mensagens. Conforme estas, todo o sistema tinha sido<br />
inventado pelos artifícios de um bando de pensadores e inventores no plano do<br />
Espírito, entre os quais se destacava Benjamin Franklin, cuja inteligência viva e<br />
cujos conhecimentos sobre eletricidade na vida terrena o qualificavam para tal<br />
empreendimento. Como quer que seja, o fato é que Rosna saiu do cartaz e as batidas<br />
inteligentes passaram a ser dadas pelos falecidos amigos dos investigadores que<br />
estavam preparados para tomar um sério interesse no assunto e se reunir de modo<br />
reverente para receberem as mensagens. Que eles ainda viviam e ainda amavam, foi<br />
a mensagem constante do Além, acompanhada por muitas provas materiais, que<br />
confirmavam a fé vacilante dos novos aderentes ao movimento. Quando inquiridos<br />
sobre os seus métodos de trabalho e as leis que os governavam, as respostas foram,<br />
de início, as mesmas de hoje: que se trata de um assunto relacionado com o<br />
magnetismo humano e espiritual; que alguns, ricamente dotados com essa<br />
propriedade física, eram médiuns; que esse dom não se achava, necessàriamente,<br />
aliado à moralidade ou à inteligência; e que a condição de harmonia era<br />
especialmente necessária para assegurar bons resultados. Em setenta anos pouco<br />
mais aprendemos. E, depois de todos esses anos, a lei primacial da harmonia é<br />
invariavelmente quebrada nas chamadas sessões experimentais, cujos membros<br />
imaginam ter dado um cheque na filosofia, quando obtêm resultados negativos ou<br />
discordantes, ao passo que, atualmente, a confirmam.<br />
Numa das primeiras comunicações das Irmãs Fox foi afirmado que “as<br />
comunicações não se limitariam a elas; espalharseiam pelo mundo”. Em breve essa<br />
profecia se achou em bom caminho para a realização, pois essas novas forças e seus<br />
ulteriores desenvolvimentos, inclusive a visão e a audição dos Espíritos, e o<br />
movimento de objetos sem contacto, se manifestaram em muitos outros centros<br />
independentes da família Fox. Num lapso de tempo incrivelmente curto, com muitas<br />
excentricidades e fases de fanatismo, ele tinha varrido o Norte e o Leste dos Estados<br />
Unidos, sempre mostrando um núcleo sólido de fatos tangíveis, que, se<br />
ocasionalmente podiam ser simulados por impostores, sempre podiam ser<br />
verificados por investigadores honestos e isentos de ideias preconcebidas. Pondo de<br />
lado, momentaneamente, esse largo desenvolvimento, continuemos a história dos<br />
círculos iniciais de Rochester.<br />
As mensagens espíritas insistiam para que o pequeno grupo de pioneiros<br />
fizesse uma demonstração pública de seus poderes numa reunião pública, em<br />
Rochester — proposição que, naturalmente, encheu de espanto as duas desconfiadas<br />
meninas camponesas e os seus amigos. Tão irritados ficaram os Guias<br />
desencarnados pela oposição de seus agentes terrenos, que ameaçaram suspender