A HISTÓRIA DO ESPIRITISMO Conan Doyle
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185 – <strong>HISTÓRIA</strong> <strong>DO</strong> <strong>ESPIRITISMO</strong><br />
primeiro presidente. O motivo central desse relatório é que a fraude de um lado e a<br />
credulidade do outro constituem tudo no Espiritismo e que realmente nada havia de<br />
sério que merecesse referência. O documento merece uma leitura completa por todo<br />
estudioso de psiquismo. A impressão que fica na mente éque os vários membros da<br />
Comissão se achavam em seus campos limitados, esforçandose honestamente para<br />
apreender os fatos, mas que as suas mentes, como a do Doutor Edmunds, eram<br />
formadas de tal modo que quando, a despeito de sua atitude repelente e impossível,<br />
algum acontecimento psíquico tentava romper as suas barreiras, nem por um instante<br />
consideravam a possibilidade de que fosse genuíno, mas simplesmente passavam<br />
adiante como se não existisse. Assim, com Mrs. FoxKane obtiveram<br />
acentuadissimas batidas mas se satisfazem com a suposição, milhares de vezes<br />
desmentida, de que viessem de dentro de seu próprio corpo e passaram sem<br />
comentários sobre o fato de que por seu intermédio receberam longas mensagens,<br />
escritas rapidamente pelo avêsso, de modo que só podiam ser lidas através do<br />
espelho. Essa escrita rapidíssima, continha um latim abstruso, uma sentença que<br />
aparentemente estava muito acima da capacidade do médium. Tudo isto ou foi<br />
ignorado ou ficou sem explicação.<br />
Novamente, observando Mrs. Lord, a Comissão obteve a Voz Direta e luzes<br />
fosforescentes, depois de ter examinado a médium. Temos informações de que a<br />
médium produziu “um quase contínuo bater de palmas”, além de que, pessoas mais<br />
afastadas parecem ter sido tocadas. O preconceito que presidiu o inquérito pode ser<br />
caracterizado pela observação do presidente efetivo W. M. Kewler, que era tido<br />
como um fotógrafo de Espíritos, pois “não ficaria satisfeito senão com um querubim<br />
em minha cabeça, um em cada membro e um anjo batendo asas na minha frente...”<br />
Um Espírita ficaria muito surpreendido se realmente um investigador de maneiras<br />
tão frívolas conseguisse resultados. Em tudo, a explicação de que o médium<br />
produzia alguma coisa como um mágico. Nunca, por um momento sequer eles<br />
admitiram que a simpatia e o consentimento de agentes invisíveis pudesse ser<br />
essencial — agentes que se podem curvar ante mentes simples, encolherse ou fazer<br />
o jogo de quem sabe se divertir.<br />
Enquanto houve alguns resultados que podem ser genuínos, mas que são<br />
postos de lado no relatório, houve alguns episódios penosos para os espíritas, mas<br />
que nem por isso podem ser esquecidos. A Comissão descobriu fraudes óbvias no<br />
caso da médium da lousa, Mrs. Patterson e é impossível negar que o caso de Slade<br />
seja substancial. Os últimos dias desse médium foram certamente sombrios e as<br />
forças que outrora tinham sido tão notáveis devem ter sido substituidas pelos<br />
truques. O Doutor Eurness chega mesmo a asseverar que esses truques eram<br />
admitidos, mas a anedota, como é dada no relatório, antes sugere uma leviandade da<br />
parte do médium. Que o Doutor Slade pudesse divertirse com o Doutor através de<br />
sua janela aberta e imediatamente respondesse a uma frase faceta, admitindo que<br />
toda a sua vida tinha sido uma fraude, é absolutamente inacreditável.<br />
Há alguns aspectos nos quais a Comissão — ou pelo menos alguns de seus<br />
membros — não procedeu com ingenuidade. Assim, declaram de início que apóiam<br />
o seu relatório em seu próprio trabalho e desprezam a massa de material<br />
aproveitável. A despeito disso, incorporam um longo relatório adverso, escrito por<br />
seu secretário sobre as declarações de Zöllner, dado no capítulo que trata das