A HISTÓRIA DO ESPIRITISMO Conan Doyle
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46 – Arthur <strong>Conan</strong> <strong>Doyle</strong><br />
Esteve ausente toda a noite; e quando indagou de outras pessoas na manhã seguinte,<br />
disseramlhe que tinha estado nas Montanhas de Catskill, a cerca de quarenta milhas<br />
de casa. A história tem todas as aparências de uma experiência subjetiva, um sonho<br />
ou uma visão, e ninguém hesitaria em considerála como tal, se não fosse o detalhe<br />
de seu regresso e da refeição que tomou a seguir. Uma alternativa seria que o vôo<br />
para as montanhas fosse uma realidade e as entrevistas um sonho. Diz de que<br />
posteriormente identificou seus dois mentores como sendo Galeno e Swedenborg, o<br />
que é interessante, por ser o primeiro contacto com os mortos por ele próprio<br />
reconhecido. Todo o episódio pareceu visionário e não teve qualquer ligação com o<br />
notável futuro desse homem.<br />
Verificou maiores forças a se agitarem em si mesmo e foi avisado de que,<br />
quando lhe faziam perguntas sérias, enquanto se achava em transe mesmérico,<br />
sempre respondia: “Responderei a isto em meu livro”. Aos dezenove anos sentiu<br />
chegado o momento de o escrever. A influência magnética de Livingstone, por isso<br />
ou por aquilo, parece que não era adequada para tal fim. Então foi escolhido o<br />
Doutor Lyon como novo magnetizador. Lyon abandonou o consultório e foi a Nova<br />
Iorque com o seu protegido, onde procurou o Reverendo William Fishbough,<br />
convidandoo para servir de secretário. Parece que essa escolha intuitiva era<br />
justificada, pois este logo abandonou o seu trabalho e aceitou o convite. Então,<br />
preparado o aparelho, Lyon submetia diàriamente o jovem a transes magnéticos e<br />
suas manifestações eram registradas pelo fiel secretário. Não havia dinheiro nem<br />
publicidade no assunto, de modo que nem o mais céptico dos críticos poderia deixar<br />
de admitir que a ocupação e os objetivos desses três homens constituíssem um<br />
maravilhoso contraste com a preocupação material de fazer dinheiro que os rodeava.<br />
Eles buscavam o mais além. E que é o que podia fazer o homem de mais nobre?<br />
Há que levar em conta que um tubo não pode conter mais do que lhe<br />
permite o seu diâmetro. O diâmetro de Davis era muito diferente do de Swedenborg.<br />
Cada um recebia conhecimento quando num estado de iluminação. Mas Swedenborg<br />
era o homem mais instruído da Europa, enquanto Davis era um jovem tão ignorante<br />
quanto se podia encontrar no Estado de Nova Iorque. A revelação de Swedenborg<br />
talvez fosse a maior, posto que, muito provàvelmente, pontilhada por seus próprios<br />
conhecimentos. A revelação de Davis era, comparativamente, um milagre maior.<br />
O Doutor George Bush, professor de Hebraico na Universidade de Nova<br />
Iorque, uma das testemunhas quando eram recebidas as orações em transe, assim<br />
escreve: “Afirmo solenemente que ouvi Davis citar corretamente a língua hebraica<br />
em suas palestras, e demonstrar um conhecimento de geologia muito admirável<br />
numa pessoa da sua idade, ainda quando tivesse devotado anos a esse estudo.<br />
Discutiu, com grande habilidade, as mais profundas questões de arqueologia<br />
histórica e bíblica, de mitologia, da origem e das afinidades das línguas, da marcha<br />
da civilização entre as várias nações da Terra, de modo que fariam honra a<br />
qualquer estudante daquela idade, mesmo que, para as alcançar, tivesse consultado<br />
todas as bibliotecas da Cristandade. Realmente, se ele tivesse adquirido todas as<br />
informações que externa em suas conferências, não em dois anos, desde que deixou<br />
o banco de sapateiro, mas em toda a sua vida, com a maior assiduidade no estudo,<br />
nenhum prodígio intelectual de que o mundo tem notícia, por um instante seria