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A HISTÓRIA DO ESPIRITISMO Conan Doyle

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48 – Arthur <strong>Conan</strong> <strong>Doyle</strong><br />

Tinha começado a chamar a atenção de algumas pessoas sérias e Edgar Allan Poe<br />

era um de seus visitantes. Seu desenvolvimento psíquico continuava e antes dos<br />

vinte e um anos tinha chegado a ponto de não mais necessitar de alguém para cair<br />

em transe; realizava­o sozinho. Por fim sua memória subconsciente se tinha aberto e<br />

ele se tornou capaz de abarcar o largo alcance de suas experiências. Foi então que se<br />

assentou ao lado de uma senhora agonizante e observou todos os detalhes da partida<br />

da alma, cuja magnífica descrição nos dá no primeiro volume de “A Grande<br />

Harmonia”. Conquanto sua descrição tenha aparecido numa separata, não é tão<br />

conhecida quanto deveria sê­lo. Um pequeno resumo deve ser interessante para o<br />

leitor.<br />

Começa ele por uma consoladora reflexão sobre os vôos de sua própria<br />

alma, que eram morte em todos os sentidos, salvo quanto a duração, e lhe haviam<br />

mostrado que a experiência era “interessante e deliciosa” e que aqueles sintomas que<br />

parecem sinais de sofrimento não passam de reflexos inconscientes do corpo e não<br />

têm significação. Diz então como, havendo­se jogado antes naquilo que chama de<br />

“Condição Superior”, havia observado as etapas do lado espiritual. “O olho material<br />

vê apenas o que é material, e o espiritual o que é espiritual”. Como, porém, tudo tem<br />

uma contrapartida espiritual, o resultado é o mesmo. Assim, se um Espírito vem a<br />

nós, não é a nós que ele vê, mas o nosso corpo etérico, que é, aliás, uma réplica do<br />

nosso corpo material.<br />

Foi esse corpo etérico que Davis viu emergindo do envoltório de<br />

protoplasma da pobre moribunda, que finalmente ficou vazio no leito, como a<br />

enrugada crisálida, depois que a borboleta se libertou. O processo começou por uma<br />

extrema concentração no cérebro, que se foi tornando cada vez mais luminoso,<br />

enquanto as extremidades se tornavam escuras. É provável que o homem nunca<br />

pense tão claramente ou seja tão intensamente cônscio quanto depois que todos os<br />

meios de indicação de seus pensamentos o abandonaram. Então o novo corpo<br />

começa a emergir, a começar pela cabeça. Em breve se acha completamente livre, de<br />

pé ao lado de seu cadáver, com os pés próximo à cabeça e com uma faixa luminosa<br />

vital, correspondente ao cordão umbilical. Quando o cordão se rompe, uma pequena<br />

porção é absorvida pelo cadáver, assim o preservando da imediata putrefação.<br />

Quanto ao corpo etérico, leva algum tempo até adaptar­se ao novo ambiente, até<br />

passar pela porta aberta.<br />

“Eu a vi passar para a sala contígua, através da porta e da casa, erguer­se<br />

no espaço... Depois que saiu da casa encontrou dois Espíritos amigos, da região<br />

espiritual que, depois de um terno reconhecimento e de um entendimento entre os<br />

três, da mais graciosa das maneiras, começou a subir obliquamente pelo envoltório<br />

etéreo de nosso globo. Marchavam juntos tão naturalmente, tão fraternalmente que<br />

me custava imaginar que se equilibrassem no ar: pareciam subir pela encosta de<br />

uma montanha gloriosa e familiar. Continuei a olhá­los, até que a distância os<br />

fechou aos meus olhos”.<br />

Tal a visão da Morte, tal qual a percebeu A. J. Davis — muito diferente<br />

daquela treva horrível que por tanto tempo obsidiou a imaginação humana. Se isto é<br />

verdade, podemos voltar nossas simpatias para o Doutor Hodgson e sua exclamação:<br />

“Custa­me suportar a espera”. Mas é verdade? Apenas podemos dizer que há muita<br />

evidência a corroborá­la.

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