A HISTÓRIA DO ESPIRITISMO Conan Doyle
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
99 – <strong>HISTÓRIA</strong> <strong>DO</strong> <strong>ESPIRITISMO</strong><br />
cínicos investigadores. Conta ele com ironia que, tendo perguntado por escrito ao<br />
Espírito manifestante: “Mrs. Hayden é uma impostora?”, este respondeu: “Sim”.<br />
Lewes era suficientemente desonesto para citar isto como se fosse uma confissão de<br />
culpa de Mrs. Hayden. Qualquer um daí deduziria que as batidas eram inteiramente<br />
independentes do médium e, ainda, que perguntas feitas com puro espírito de<br />
frivolidade não merecem resposta séria.<br />
Entretanto, é pela forma positiva e não pela negativa que perguntas como<br />
esta devem ser julgadas; e o autor deve aqui usar citações mais do que normalmente<br />
é seu hábito, pois não há outra maneira de mostrar como aquelas sementes foram<br />
inicialmente lançadas na Inglaterra e destinadas a atingir tão grandes alturas. Já<br />
aludiu ao testemunho do Doutor Ashburner, o famoso médico e talvez seja bom<br />
acrescentar algumas palavras suas. Diz ele 26 : “O sexo deveria têla protegido contra<br />
as injúrias, se. esses rapazes da imprensa não têm consideração pelos sentimentos<br />
de hospitalidade para com alguém de nossa classe, pois Mrs. Hayden é esposa de<br />
um antigo editor e proprietário de jornal em Boston, o qual tem a maior circulação<br />
na Nova Inglaterra. Eu lhes declaro que Mrs. Hayden não é uma impostora; e quem<br />
quer que se aventure a uma conclusão oposta fáloá sacrificando a verdade.”<br />
Novamente, em longa carta a The Reasoner 27 depois de confessar que tinha<br />
visitado a médium numa disposição de espírito de absoluta incredulidade, esperando<br />
testemunhar “a mesma classe de aparentes absurdos”, que tinha encontrado em<br />
outros supostos médiuns, escreve Ashburner: “Em relação a Mrs. Hayden tenho tão<br />
forte convicção de sua perfeita honestidade que me admiro de que alguém possa<br />
deliberadamente acusála de fraude”. Ao mesmo tempo fornece detalhes de<br />
comunicações verazes que recebeu. Entre os investigadores estava o célebre<br />
matemático e filósofo Professor De Morgan. Ele relata suas experiências e<br />
conclusões no longo e magistral prefácio ao livro de sua esposa “From Matter to<br />
Spirit”, publicado em 1863, dizendo: “Há dez anos passados Mrs. Hayden, a<br />
conhecidíssima médium americana, veio sozinha à minha casa. A sessão começou<br />
imediatamente após a sua chegada. Oito ou nove pessoas de todos os graus de<br />
crença e de descrença de que a coisa fosse impostura se achavam presentes. As<br />
batidas começavam como de costume. Para mim eram limpas, claras, fracos sons<br />
que, se tivessem durado, dirseiam de uma campainha. Então os comparei ao ruído<br />
feito pelas pontas de agulhas de tricô, se largadas de uma certa altura sobre o<br />
mármore de uma mesa e que instantâneamente fosse abafado por um processo<br />
qualquer. E a seguir a prova que fizemos mostrou que minha descrição era<br />
razoàvelmente aceitável... No último período naquela noite, depois de cerca de três<br />
horas de experiência, Mrs. Hayden levantouse e falando a uma outra mesa,<br />
enquanto tomava um refresco, subitamente uma criança disse: ‘Quererão todos os<br />
Espíritos que estiveram aqui esta noite bater ao mesmo tempo?’ Nem bem haviam<br />
sido pronunciadas aquelas palavras e uma saraivada de batidas de agulhas de tricô<br />
foi ouvida durante cerca de dois segundos, ouvindose distintamente o ruído forte<br />
das dos homens e mais fraco das mulheres e crianças, embora em perfeita desordem<br />
na sua produção”.<br />
26 The Leader, 14 de março de 1853.<br />
27 1º e 8 de junho de 1853.