A HISTÓRIA DO ESPIRITISMO Conan Doyle
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169 – <strong>HISTÓRIA</strong> <strong>DO</strong> <strong>ESPIRITISMO</strong><br />
particulares, com a condição de que não fosse molestado. Não obteve resposta a essa<br />
sugestão, que seguramente não seria feita por um criminoso.<br />
Em 1877 os Espíritas de Londres mandaram a Slade o seguinte manifesto:<br />
“À vista da deplorável maneira por que terminou a visita de Henry Slade<br />
a este país, os abaixoassinados desejam exprimir o alto conceito de sua<br />
mediunidade e a reprovação ao tratamento que lhe foi dispensado.<br />
“Consideramos Henry Slade um dos mais valiosos médiuns para<br />
experiências atualmente. Os fenômenos que ocorrem em sua presença se<br />
desenvolvem com uma rapidez e uma regularidade raramente igualadas...<br />
“Ele partiu, não só inatingido na sua reputação pelo procedimento de<br />
nossa Corte de Justiça, como também com volumoso testemunho em seu favor que<br />
provavelmente não teria sido obtido de outra maneira. Este é assinado por Mr.<br />
Alexander Calder, Presidente da Associação Nacional dos Espíritas Britânicos e<br />
grande número de espíritas de representação.<br />
Infelizmente, entretanto, são os “contras” e não os “pros” que a imprensa<br />
ouve e, ainda agora, cinquenta anos mais tarde, seria difícil encontrar um jornal<br />
bastante esclarecido para fazer justiça.<br />
Entretanto os espiritistas mostraram muita energia na defesa de Slade. Em<br />
face do processo foi criado um Fundo de Defesa e os Espíritas da América<br />
mandaram um memorial ao Ministro Americano em Londres. Entre a sentença de<br />
Bow Street condenandoo e a apelação, um memorial foi mandado ao Ministro do<br />
Interior, protestando contra a ação do Governo ao prosseguir na perseguição depois<br />
da apelação. Cópias desse protesto foram mandadas a todos os membros da Câmara<br />
dos Comuns, a todos os magistrados do Middlesex, a diversos membros da<br />
Sociedade Real e a outros organismos públicos. Miss Kislingbury, secretária da<br />
Associação Nacional dos Espiritistas, enviou uma cópia à rainha.<br />
Depois de sessões de êxito em Haya, Slade foi a Berlim, em novembro de<br />
1877, onde despertou o mais vivo interesse. Diziase que ele não sabia alemão, mas<br />
apareceram mensagens nessa língua sobre as lousas e escritas em caracteres do<br />
século quinze. O Bertiner Fremdenblatt de 10 de novembro de 1877, publicou o<br />
seguinte: “Desde a chegada de Mr. Slade ao Hotel Kronprinz uma grande parte do<br />
mundo culto de Berlim vem sofrendo de uma epidemia que podemos chamar de<br />
febre espírita”. Descrevendo suas experiências em Berlim, disse Slade que havia<br />
começado por converter o propriétário do hotel, usando as suas próprias lousas e<br />
mesas. O dono convidou o Chefe de Polícia e muitas pessoas eminentes de Berlim<br />
para testemunharem as manifestações, e estas se declararam satisfeitas. Escreve<br />
Slade: “Samuel Bellachini, prestigitador da Corte do Kaiser, fez uma semana de<br />
experiências gratuitas comigo. Deilhe de duas a três sessões diárias e uma em sua<br />
própria casa. Depois de sua mais completa investigação ele foi a um tabelião e fez<br />
um juramento de que os fenômenos eram autênticos e não havia fraudes”. A<br />
declaração jurada de Bellachini, que foi publicada, confirma essa informação. Diz<br />
ele que, depois de minuciosa investigação, considera “absolutamente impossível”<br />
qualquer explicação de prestidigitação. A conduta dos prestidigitadores parece ter<br />
sido determinada, em geral, por uma espécie de inveja sindicalizada, como se os<br />
resultados do médium constituíssem uma espécie de violação de um monopólio.