A HISTÓRIA DO ESPIRITISMO Conan Doyle
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162 – Arthur <strong>Conan</strong> <strong>Doyle</strong><br />
indireta na questão da realidade de sua força psíquica, que deveria ser apreciada<br />
através de sua própria natureza, pouco importando se o indivíduo é santo ou<br />
pecador.<br />
A sábia conclusão do Coronel Olcott foi que, à vista do conflito de provas,<br />
deveria pôr tudo de lado e controlar os médiuns à sua maneira, sem se importar com<br />
o que havia passado.<br />
E o fez de maneira convincente, de modo que, quem quer que leia a sua<br />
investigação — “People From the Other World” 66 , página 460 e seguintes, — não<br />
poderá negar que ele tomou todas as precauções possíveis contra as fraudes. A<br />
cabine era revestida de tela pelos lados, de modo que ninguém poderia entrar, como<br />
Mrs. White disse haver feito. Mrs. Holmes era posta num saco, atado ao pescoço e,<br />
como o marido se achava ausente, ficava reduzida aos seus próprios recursos.<br />
Em tais circunstâncias numerosas cabeças se formaram, algumas das quais<br />
semimaterializadas, apresentando uma aparência horrível. Isto deve ter sido feito<br />
como um teste ou, possivelmente, a longa contenção deve ter prejudicado os poderes<br />
do médium. Os rostos costumavam aparecer a uma altura que o médium não podia<br />
alcançar. Dale Owen achavase presente a essa demonstração e já deveria ter<br />
lamentado a sua declaração prematura.<br />
Sessões posteriores e com os mesmos resultados foram realizadas por<br />
Olcott em seus próprios aposentos, de modo a eliminar a possibilidade de qualquer<br />
mecanismo sob o controle do médium. Numa ocasião, quando a cabeça de John<br />
King, o Espírito dirigente, apareceu no ar, Olcott, lembrandose da declaração de<br />
Elisa White, de que esses rostos eram apenas máscaras de dez centavos, pediu e<br />
obteve permissão para passar a sua bengala em redor dele, e assim ficou satisfeito de<br />
verificar que não era sustentado por ninguém.<br />
Essa experiência parece tão conclusiva que o leitor que pretender mais<br />
provas deve ser remetido ao livro onde encontrará muito mais. Era claro que,<br />
qualquer que fosse o papel representado por Elisa White na fotografia, não havia<br />
sombra de dúvida de que Mrs. Holmes era um médium genuíno e poderoso para<br />
fenômenos de materializações. Deveria acrescentarse que a cabeça de Katíe King<br />
foi vista repetidas vezes pelos investigadores, conquanto a forma inteira, ao que<br />
parece, só se materializou uma vez. O General Lipáginasitt estava presente a essa<br />
reunião e associouse püblicamente, pela Banner of Light de 6 de fevereiro de 1875,<br />
às conclusões de Olcott.<br />
O autor demorouse um pouco sobre esse caso porque o mesmo representa<br />
a maneira típica pela qual o povo é desviado do Espiritismo. Os jornais estão cheios<br />
de “desmascaramentos”. A coisa é investigada e tanto se mostra o que é falso,<br />
quanto o que é parcialmente verdadeiro. Isto não é publicado e o público fica com a<br />
primeira impressão incorreta. Mesmo agora, quando se menciona Katie King, é<br />
frequente essa crítica: “Foi provado que era uma fraude, em Filadélfia”, e, por uma<br />
natural confusão de ideias, isto foi até usado como argumento contra as experiências<br />
clássicas de Crookes. A questão — especialmente a momentânea fraqueza de Dale<br />
Owen — atrasou de muitos anos o Espiritismo na América.<br />
66 “Gente do Outro Mundo” — N. do T.