A HISTÓRIA DO ESPIRITISMO Conan Doyle
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156 – Arthur <strong>Conan</strong> <strong>Doyle</strong><br />
desmascaramento de Mrs. Holmes e a parcial retratação de Mr. Dale Owen, o que o<br />
levou a tomar essas precauções.<br />
Foi a mediunidade de William Eddy que tomou a forma de materializações.<br />
Horace Eddy fez sessões de caráter bem diverso. Em seu caso foi usada uma espécie<br />
de tela, em cuja frente ele se sentava com um dos assistentes, ao seu lado, sob boa<br />
luz e segurando a sua mão. Do outro lado da tela era colocado um violão ou outro<br />
instrumento, que então começava a ser tocado, aparentemente sem executante,<br />
enquanto mãos materializadas eram vistas às bordas da cortina, O efeito geral era<br />
muito semelhante ao produzido pelos irmãos Davenport, mas era mais<br />
impressionante, uma vez que o médium era visto inteiramente e se achava sob<br />
controle de um espectador. A hipótese da moderna ciência psíquica, baseada em<br />
muitas experiências, é que faixas invisíveis de ectoplasma, que são antes condutoras<br />
de força do que forças elas próprias, são emitidas do corpo do médium e aplicadas<br />
sobre o objeto que deve ser manipulado, sendo empregadas para o levantar, para o<br />
tocar, conforme um poder invisível o deseje — poder invisível que, conforme<br />
pretende o Professor Charles Richet, é um prolongamento da personalidade do<br />
médium e, conforme a mais avançada escola, uma entidade independente. Nada<br />
disso era conhecido ao tempo dos Eddys e os fenômenos apresentavam uma<br />
indubitável aparência de toda uma série de efeitos sem causa. Quanto à realidade do<br />
fato, é impossível ler a minuciosa descrição de Olcott sem ficar convencido de que<br />
não poderia haver erro nisso. Esse movimento de objetos a distância do médium, ou<br />
telecinésia, para usar a expressão moderna, é um raro fenômeno à luz; mas certa<br />
ocasião, numa reunião de amadores, que eram espíritas experimentados, o autor viu<br />
uma espécie de bandeja de madeira, à luz de uma vela, ser levantada pela borda e<br />
responder a perguntas por meio de batidas, quando se achava a menos de dois<br />
metros de distância.<br />
Nas sessões em escuridão de Horatio Eddy, onde a completa ausência de<br />
luz dava todo vigor à força psíquica, Olcott verificou que havia uma louca dança<br />
guerreira de índios, com o sapateado de uma dúzia de pés e, simultaneamente, o som<br />
de um instrumento selvagem, acompanhado por guinchos e gritos. “Como pura<br />
exibição de força bruta”, diz ele, “essa dança índia provavelmente é insuperável<br />
nos anais de tais manifestações”. Uma luz produzida instantaneamente encontraria<br />
os instrumentos cobertos no chão, e Horatio em profundo sono, sem uma gôta de<br />
suor, inconsciente em sua cadeira. Asseguranos Olcott que tanto ele quanto outros<br />
cavalheiros presentes, cujo nome declina, tiveram a permissão de se sentarem sobre<br />
o médium, mas que em um ou dois minutos todos os instrumentos estavam sendo<br />
tocados novamente. Depois dessa experiência — e as houve muitíssimas —<br />
qualquer verificação posterior parece desnecessária. A menos que houvesse uma<br />
absoluta falta de senso da parte de Olcott e de outros espectadores, não há dúvida<br />
que Horatio Eddy exercitava poderes de que a ciência tinha, e ainda tem, um<br />
conhecimento imperfeito.<br />
Algumas das experiências de Olcott são tão definitivas e narradas tão franca<br />
e claramente que merecem respeitosa consideração e se adiantam aos trabalhos de<br />
muitos dos nossos modernos pesquisadores. Por exemplo, ele trouxe de Nova Iorque<br />
uma balança, que foi devidamente aferida e dada como exata num certificado<br />
publicado para esse efeito. Então persuadiu a uma das formas materializadas, a índia