A HISTÓRIA DO ESPIRITISMO Conan Doyle
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228 – Arthur <strong>Conan</strong> <strong>Doyle</strong><br />
a telepatia dos vivos. Pelo menos existe a certeza de que, quando vivo, Myers havia<br />
considerado o projeto de maneira mais simplista, qual fosse a de obter a mesma<br />
palavra ou mensagem através de dois médiuns.<br />
Mas a correspondência cruzada da SOCIETY FOR PSYCHICAL<br />
RESEARCH tem, de um modo geral, um caráter muito mais complicado. Nesta um<br />
escrito não é a mera reprodução de declarações feitas em outro; os escritos parece<br />
que representam antes aspectos diversos da mesma ideia e, muitas vezes, a<br />
informação em um é explanatória, mas complementar no outro.<br />
Mrs. Alice Johnson, encarregada da pesquisa pela SOCIETY FOR<br />
PSYCHICAL RESEARCH, foi a primeira a notar esse elo entre os escritos. Ela cita<br />
este simples exemplo:<br />
“Num caso o escrito de Mrs. Forbes, supostamente ditado por seu filho<br />
Talbot, afirmava que era o momento de a deixar, uma vez que buscava um sensitivo<br />
que escrevesse automaticamente, a fim de que pudesse conseguir a confirmação do<br />
próprio escrito.<br />
“No mesmo dia Mrs. Verrall escreveu sobre uma árvore — um abeto —<br />
plantada num jardim e a descrição foi assinada com, uma espada e uma corneta<br />
pendurada nela. A corneta fazia parte do distintivo do regimento a que Talbot havia<br />
pertencido; e em seu jardim Mrs. Forbes tinha alguns abetos, originários de<br />
sementes que o filho lhe enviara. Esses fatos eram desconhecidos de Mrs. Verall.”<br />
Mrs. Johnson, que fez um minucioso estudo das mensagens recebidas por<br />
Mrs. Thompson, Mrs. Forbes, Mrs. Verall, Mrs. Willett, Mrs. Piper e outras, chegou<br />
à seguinte conclusão: “A característica destes casos — ou, pelo menos, alguns deles<br />
— é que não encontramos na escrita de um médium automático nada parecido com<br />
uma reprodução verbum ad verbum das frases do outro. Também não captamos a<br />
mesma ideia expressa de diversas maneiras — como bem poderia resultar da<br />
telepatia direta entre os médiuns. O que colhemos é uma reprodução produção<br />
fragmentária num escrito, que não parece ter um ponto particular ou significação e<br />
uma outra informação fra gmentária no outro, igualmente sem uma característica<br />
especial; mas quando unimos os dois escritos, vemos que se completam e que,<br />
aparentemente, há uma ideia coerente ligando os dois, mas apenas parcialmente<br />
expressa em cada um deles.”<br />
Diz ela 127 o que não é o caso, pois centenas de casos contrários podem ser<br />
citados — o seguinte: “O ponto fraco de todos os casos bem autenticados de<br />
aparente telepatia dos mortos é, aliás, que eles podem ser explicados pela telepatia<br />
entre os vivos.”<br />
E acrescenta: “Nessas correspondências cruzadas, entretanto,<br />
encontramos, aparentemente, telepatia referente ao presente — isto é, as<br />
informações correspondentes são mais ou menos contemporâneas e sobre fatos do<br />
presente que, de qualquer modo, são desconhecidos de qualquer pessoa viva, desde<br />
que a significação e a passagem da mensagem muitas vezes não é compreendida<br />
para cada médium automático até que a solução seja encontrada quando se juntam<br />
os dois escritos.”<br />
127 SOCIETY FOR PSYCHICAL RESEARCH Proceedings, Volume 21º, página 375.