A HISTÓRIA DO ESPIRITISMO Conan Doyle
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74 – Arthur <strong>Conan</strong> <strong>Doyle</strong><br />
“Muitas mensagens interessantes e comoventes me chegaram através da<br />
escrita normal de Mrs. Jencken. Tinham pedido que apagássemos as luzes. Então<br />
começou uma porção de manifestações, como raramente tenho visto e mais<br />
raramente ultrapassadas... Tomei uma campainha de sobre uma mesa e fiquei com<br />
ela na mão. Senti que outra mão a tomava e a tocava por toda parte na sala, durante<br />
cerca de cinco minutos. Então coloquei um acordeon debaixo da mesa, de onde foi<br />
retirado e, a uma distância de três ou quatro pés da mesa à qual estávamos sentados,<br />
tocaram umas canções. O acordeon estava sendo tocado e a campainha agitada em<br />
diversas partes da sala quando duas velas foram acesas à mesa. Assim, não era<br />
aquilo que se chama uma sessão às escuras, embora ocasionalmente as luzes fossem<br />
apagadas. Durante todo o tempo Mr. Stack segurava uma das mãos de Mrs. Jencken<br />
e eu segurava a outra — cada um dizendo de vez em quando: ‘Tenho em minha mão<br />
a mão de Mrs. Jencken’.<br />
“Cerca de cinquenta amoresperfeitos foram colocados a minha frente,<br />
numa folha de papel. Pela manhã eu havia recebido de uma amiga alguns amoresperfeitos,<br />
mas o vaso onde tinham sido colocados não se achava na sala da sessão.<br />
Mandei examinálo e estava intacto. Naquilo que se denomina ‘escrita direta’<br />
encontrei as seguintes palavras, escritas a lápis com letra miudinha, numa folha de<br />
papel que estava á minha frente: ‘Eu lhe trouxe minha prova de amor’. Numa<br />
sessão, dias antes, já com Mrs. Jencken, eu tinha recebido a seguinte mensagem:<br />
‘Pelo seu aniversário trarei uma prova de amor’.”<br />
Acrescenta Mr. Hall que havia marcado a folha de papel com as suas<br />
iniciais e, como uma preocupação a mais, tinha dobrado um dos cantos de certa<br />
maneira que pudesse reconhecêla. É evidente que Mr. Hall ficou muito<br />
impressionado com o que viu. Escreve ele: “ Testemunhei e registrei muitas<br />
manifestações maravilhosas. Duvido que tenha assistido a alguma mais convincente<br />
do que esta e, certamente, nenhuma mais refinada; nenhuma que desse mais<br />
conclusiva demonstração de que só Espíritos puros, bons e santos se<br />
manifestavam”. Confessa que consentiu em ser o “banqueiro” de Mrs. Jencken,<br />
possivelmente para prover a educação de seus dois filhos. Em vista do que<br />
aconteceu posteriormente a esse tão dotado médium, há um triste interesse em suas<br />
palavras finais:<br />
“Tenho uma confiança, uma quase certeza de que em todos os sentidos,<br />
ela agirá de maneira a aumentar e não a diminuir, a sua força como médium,<br />
enquanto retiver a amizade e a confiança de muitos que a consideram do mesmo<br />
modo — de vez que a causa é a mesma — por que a Nova Igreja considera a<br />
Emmanuel Swedenborg, e os Metodistas consideram a John Wesley. Sem a menor<br />
dúvida os Espíritos devem a essa senhora um grande reconhecimento pelas<br />
confortadoras revelações de que, em grande parte, foi ela o instrumento escolhido<br />
pela Providência. Fizemos este relato com certa minúcia porque mostra que os dons<br />
da médium eram então de uma ordem muito elevada e poderosa. Poucos anos antes,<br />
numa sessão em sua casa, a 14 de dezembro de 1873, primeiro aniversário de seu<br />
casamento, uma mensagem espírita por batidas dizia assim: Quando as sombras<br />
caírem sobre você, pense no lado mais luminoso”.<br />
Era uma mensagem profética, pois o fim de sua vida foi apenas de sombras.<br />
Margaret (Mrs. FoxKane) tinha se juntado à irmã Kate na Inglaterra em 1876 e<br />
permaneceram juntas por alguns anos, até que ocorreu o lamentável incidente que<br />
deve ser analisado agora. Parece que houve uma discussão amarga entre a irmã mais