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A HISTÓRIA DO ESPIRITISMO Conan Doyle

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218 – Arthur <strong>Conan</strong> <strong>Doyle</strong><br />

muitos desses a pedir demissão, e como essa clivagem precoce se foi alargando com<br />

o correr dos anos.<br />

Diz um manifesto da Sociedade:<br />

“Foi largamente sentido que o presente oferece oportunidade para uma<br />

tentativa organizada e sistemática de investigar o enorme grupo de fenômenos<br />

discutíveis, designados por expressões como mesmerismo, psiquismo e<br />

espiritismo.”<br />

Em seu primeiro relatório presidencial, em 17 de julho de 1882, falando da<br />

necessidade de pesquisa psíquica, diz o Professor Sidgwick: “Somos todos<br />

concordes em que o presente estado de coisas é um escândalo para o período<br />

esclarecido em que vivemos; que a discussão sobre a realidade desses maravilhosos<br />

fenômenos — cuja importância, científica não será nunca exagerada, se apenas a<br />

décima parte do que dizem testemunhas geralmente crédulas pudesse ser<br />

demonstrada como verdadeira — como ia dizendo, é um escândalo que a discussão<br />

sobre a realidade desses fenômenos ainda perdure; que tantas testemunhas<br />

competentes tenham declarado a sua crença nêles; que tantos outros estejam<br />

profundamente interessados em esclarecer a questão; e, ainda, que o mundo culto<br />

se ache, apenas, numa atitude de incredulidade”.<br />

Assim definida por seu primeiro presidente, a atitude da Sociedade seria<br />

correta e razoável.<br />

Respondendo à crítica de que sua intenção era rejeitar como inverídicos os<br />

resultados de todas as investigações anteriores sobre fenômenos psíquicos, disse ele:<br />

“Não creio que possa produzir provas de melhor qualidade do que muitas já<br />

apresentadas por escritores de indubitável reputação científica —homens como Mr.<br />

Crookes, Mr. Wallace e o falecido Professor de Morgan. Mas é claro que, de tudo<br />

que eu defini como escopo da sociedade, por melhores que sejam algumas dessas<br />

provas como qualidade, nos é necessário um número muito maior.”<br />

O mundo culto, como ele diz, ainda não se acha convencido e, assim, mais<br />

provas devem ser acumuladas. Não declarou que já houvesse provas abundantes,<br />

mas que o mundo não se havia dado ao trabalho de examinar.<br />

Voltando a esse aspecto, no final de seu discurso, disse: “A incredulidade<br />

científica cresceu durante tanto tempo, e criou tantas e tão fortes raízes, que<br />

teremos apenas que a maior, se formos capazes disso, relativamente àquelas<br />

questões, enterrando­a viva, sob um monte de fatos. Devemos plantar balizas, como<br />

o disse Lincoln; devemos acumular fatos sobre fatos, e somar experiência a<br />

experiência e, diria até, não esbravejarmos demasiadamente com os incrédulos de<br />

fora acerca do valor probante de cada uma delas, mas acreditar na massa de<br />

provas para convicção, O mais alto grau de força demonstradora que pudermos<br />

obter além de um simples registro de uma investigação é, aliás, limitada pela<br />

fidedignidade do investigador. Fizemos tudo quanto era possível quando o crítico<br />

nada deixou para alegar senão que o investigador era parceiro no truque. Mas<br />

quando não deixou coisa alguma, alegará isso. Devemos levar o opositor a ser<br />

forçado a admitir ou que os fenômenos são inexplicáveis, ao menos para si, ou a<br />

acusar os investigadores de serem mentirosos ou trapaceiros, ou de uma cegueira e<br />

um descuido incompatíveis com qualquer condição intelectual fora da idiotia”.

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