A HISTÓRIA DO ESPIRITISMO Conan Doyle
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50 – Arthur <strong>Conan</strong> <strong>Doyle</strong><br />
mesmo modo, respondendo a uma pergunta relativa ao que era então chamado<br />
‘navegação atmosférica’, sentiuse ‘profundamente impressionado’ porque o<br />
mecanismo necessário — para atravessar as correntes de ar, de modo que se possa<br />
navegar tão fácil, segura e agradàvelmente quanto os pássaros — depende de uma<br />
nova força motriz. Essa força virá. Não só acionará a locomotiva sobre os trilhos, e<br />
os carros nas estradas rurais, mas também os veículos aéreos que atravessarão o<br />
céu, de país para país”.<br />
O aparecimento do Espiritismo foi predito nos seus “Princípios da<br />
Natureza”, publicados em 1847, onde diz:<br />
“É verdade que os Espíritos se comunicam entre si, quando um está no<br />
corpo e outro em esferas mais altas — e, também, quando uma pessoa em seu corpo<br />
é inconsciente do influxo e, assim, não se pode convencer do fato. Não levará muito<br />
tempo para que essa verdade se apresente como viva demonstração. E o mundo<br />
saudará com alegria o surgimento dessa era, ao mesmo tempo que o íntimo dos<br />
homens será aberto e estabelecida a comunicação espírita, tal qual a desfrutam os<br />
habitantes de Marte, Júpiter e Saturno”.<br />
Nesta matéria os ensinamentos de Davis eram definitivos, embora se deva<br />
admitir que uma boa parte de seu trabalho é vaga e difícil de ler, porque desfigurada<br />
pelo emprego de vocábulos longos e ocasionalmente inventados por ele. Entre. tanto<br />
são de um alto nível moral e intelectual, e pode ser melhor descrito como um<br />
atualizado Cristianismo, com a ética do Cristo aplicada aos problemas modernos e<br />
inteiramente coberto de quaisquer traços de dogmas. A “Religião Documentária”,<br />
como a chama Davis, em sua opinião absolutamente não é uma religião. Tal nome<br />
só deve ser aplicado ao produto pessoal da razão e da espiritualidade. Tal a linha<br />
geral do ensino, misturado com muitas revelações da Natureza, exposto em<br />
sucessivos livros da “Filosofia Harmônica”, a que se seguiram as “Revelações<br />
Divinas da Natureza” e que tomaram os anos seguintes de sua vida. Muitos de seus<br />
ensinos apareceram num jornal estranho, chamado “Univercoelum” e em<br />
conferências proferidas para dar a conhecer as suas revelações.<br />
Em suas visões espirituais, Davis viu uma disposição do universo que<br />
corresponde proximamente à que foi apresentada por Swedenborg, adicionada pelo<br />
ensino posterior dos Espíritos e aceita pelos espíritas. Viu uma vida semelhante à da<br />
Terra, uma vida que pode ser chamada semimaterial, com prazeres e objetivos<br />
adequados à nossa natureza, que de modo algum se havia transformado pela morte.<br />
Viu estudo para os estudiosos, tarefas geniais para os enérgicos, arte para os artistas,<br />
beleza para os amantes da Natureza, repouso para os cansados. Viu fases graduadas<br />
da vida espiritual, através das quais lentamente se sobe para o sublime e para o<br />
celestial. Levou a sua magnífica visão acima do presente universo e o viu como este<br />
uma vez mais se dissolvia numa nuvem de fogo, da qual se havia consolidado, e,<br />
uma vez mais se consolidado para formar o estágio, no qual uma evolução mais alta<br />
teria lugar e onde uma classe mais alta se iniciaria do mesmo modo que algures a<br />
classe mais baixa. Viu que esse processo se renovava muitas vezes, cobrindo trilhões<br />
de anos e sempre trabalhando no sentido do refinamento e da purificação.<br />
Descreveu essas esferas como anéis concêntricos em redor do mundo; mas<br />
como admite que nem o tempo nem o espaço são claramente definidos em suas<br />
visões, não devemos tomar a sua geografia muito ao pé da Letra. O objetivo da vida