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A HISTÓRIA DO ESPIRITISMO Conan Doyle

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284 – Arthur <strong>Conan</strong> <strong>Doyle</strong><br />

Publicou as suas observações num livro que o Professor Richet descreve como um<br />

modelo de erudição” — “Psicologia e Spiritismo”, Turim, 1908. Numa análise<br />

muito generosa deste livro 196 , Lombroso se refere ao cepticismo do autor, em<br />

relação a certos fenômenos observados. Diz ele: “Sim, Morselli comete o mesmo<br />

erro de Flournoy e de Miss Smith 197 , torturando a sua própria e enorme<br />

ingenuidade para achar que não são verdades, nem críveis, coisas que ele mesmo<br />

declara ter visto. Por exemplo, durante os primeiros dias depois da aparição de sua<br />

própria mãe, admitia comigo que a tinha visto e tivera um entendimento por gestos<br />

com ela, nos quais ela apontava quase que com amargura para os seus óculos e a<br />

sua calva parcial e lhe lembrou como o havia deixado ainda um belo rapaz.”<br />

Quando Morselli pediu à sua mãe uma prova de identidade, ela tocou com a<br />

mão em sua testa procurando um caroço; mas como tocasse primeiro no lado direito<br />

e depois no lado esquerdo, onde realmente estava o lobinho, Morselli não queria<br />

aceitar isto como prova da presença de sua mãe. Com mais experiência, Lombroso<br />

lhe mostra a dificuldade dos Espíritos em usar a instrumentalidade de um médium<br />

pela primeira vez. A verdade éque Morselli tinha, por estranho que pareça, a maior<br />

repugnância pelo aparecimento de sua mãe através de uma médium contra a sua<br />

vontade. Lombroso não põde compreender este sentimento. E diz: “Confesso que<br />

não só não concordo, mas que, ao contrário, quando novamente vi minha mãe, senti<br />

uma das mais agradáveis sensações íntimas de minha vida, um prazer que era quase<br />

um espasmo, que despertou uma sensação, não de ressentimento, mas de gratidão à<br />

médium que novamente lançou minha mãe em meus braços depois de tantos anos. E<br />

esse acontecimento me fez es quecer não uma vez, mas muitas vezes, a humilde<br />

postura de Eusapia, que tinha feito para mim, ainda que de maneira puramente<br />

automática, aquilo que nenhum gigante em força ou em pensamento jamais teria<br />

podido fazer.”<br />

Em muitas coisas a posição de Morselli é a mesma do Professor Richet, no<br />

que diz respeito à pesquisa psíquica, mas como este último distinto cientista, tem<br />

sido ele o instrumento de influenciação da opinião pública para um maior<br />

esclarecimento do assunto.<br />

Morselli fala com veemência do despreso da ciência. Em 1907 escreve o<br />

seguinte: “A questão do Espiritismo foi discutida por mais de cinquenta anos; e, con<br />

quanto atualmente ninguém possa prever quando ela será resolvida, agora todos<br />

concordam em lhe conceder grande importância entre os problemas que ficaram<br />

como uma herança do século dezenove ao nosso século. Entretanto ninguém pode<br />

deixar de reconhecer que o Espiritismo é uma forte corrente ou tendência do<br />

pensamento contemporâneo. Se, durante muitos anos, a ciência acadêmica<br />

desprezou o conjunto dos fatos que, por bem ou por mal, certo ou errado, o<br />

Espiritismo absorveu e assimilou, considerando­os elementos formadores de seu<br />

sistema doutrinário, tanto pior para a ciência! E pior ainda para os cientistas que<br />

ficaram surdos e mudos diante de todas as afirmações, não de sectários crédulos,<br />

mas de sérios e dignos observadores como Crookes, Lodge e Richet. Não me<br />

envergonho de dizer que eu mesmo, até onde minhas modestas forças chegavam,<br />

196 Idem, Volume 7º (1908), página 376.<br />

197 Helene Smith, médium, no livro de Fournoy “Da Índia ao Planeta Marte”.

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