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A HISTÓRIA DO ESPIRITISMO Conan Doyle

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194 – Arthur <strong>Conan</strong> <strong>Doyle</strong><br />

um corolário disto, que esses fenômenos devem ser investigados e verificados por<br />

pessoas e sociedades interessadas no conhecimento da natureza 92 .”<br />

Na sessão em que Sir Oliver Lodge leu o seu relatório, Sir William Crookes<br />

chamou a atenção para a semelhança entre os fenômenos que ocorriam com Eusapia<br />

e os que se davam em presença de D. D. Home.<br />

O relatório de Sir Oliver Lodge foi combatido pelo Doutor Richard<br />

Hodgson, então ausente nos Estados Unidos, e, como consequência, Eusapia<br />

Palladino e o Doutor Hodgson foram convidados para uma série de sessões na<br />

Inglaterra, em Cambridge, as quais se realizaram em agosto e setembro de 1895, em<br />

casa de Mr. F. W. II. Myers. Essas “Experiências de Cambridge”, como foram<br />

chamadas, na sua maioria foram mal sucedidas e alegou­se que a médium foi<br />

seguidamente pilhada em fraude. Escreveu­se muito pró e contra, na acesa<br />

controvérsia que se seguiu. Basta dizer que observadores competentes recusaram<br />

esse veredicto contra Eusapia, e condenaram formalmente os métodos empregados<br />

em Cambridge pelo grupo de experimentadores.<br />

É interessante lembrar que um repórter americano, por ocasião da visita de<br />

Eusapia aos Estados Unidos em 1910, lhe perguntou à queima­roupa se alguma vez<br />

havia sido surpreendida em fraude. Eusapia respondeu francamente: “Muitas vezes<br />

dizem­me que sim. O senhor vê, é assim. Alguns dos que estão à mesa esperam<br />

truques; na verdade os desejam. Eu estou em transe. Nada acontece. Eles ficam<br />

impacientes; pensam em truques, e eu —Eu —automaticamente respondo. Mas não<br />

é frequente. Apenas querem que eu os pratique. Eis tudo”. Isso parece uma<br />

engenhosa adaptação de uma defesa, que Eusapia ouviu outros fazerem a favor dela.<br />

Ao mesmo tempo há nisso, inquestionavelmente, um elemento de verdade, que é o<br />

aspecto psicológico da mediunidade ainda pouco compreendido.<br />

Em relação ao caso podem ainda fazer­se duas observações importantes.<br />

Primeiro, como bem indicou o Doutor Hereward Carrington, várias experiências<br />

conduzidas com o fito de repetir os fenômenos por meios fraudulentos resultaram<br />

em completo fracasso em quase todos os casos. Em segundo lugar, ao que parece, os<br />

assistentes das sessões de Cambridge eram completamente ignorantes da existência<br />

e do modo de agir daquilo que pode ser chamado de “alavanca ectoplásmica”,<br />

fenômeno observado no caso de Slade e de outros médiuns. Diz Carrington: “Todas<br />

as objeções de Mrs. Sidgwick podem ser resolvidas se admitirmos, em certas<br />

ocasiões, um terceiro braço, que produz esses fenômenos e que se recolhe ao seu<br />

próprio corpo quando esses se realizaram”. Agora, por mais estranho que pareça, é<br />

justamente essa a conclusão a que conduzem abundantes indicações. Já em 1884 Sir<br />

Oliver Lodge viu aquilo que descreve como “uma aparência de membros extra”, em<br />

continuação do corpo de Eusapia ou muito junto a este. Com essa segurança que<br />

muitas vezes a ignorância se permite, o comentário editorial no Jornal da Sociedade<br />

de Pesquisas Psíquicas, no qual foi publicado o relato de Sir Oliver, diz: “É<br />

absolutamente necessário observar que a continuidade dos membros do ‘Espírito’<br />

com o corpo do médium é, prima facie, uma circunstância altamente sugestiva de<br />

fraude”.<br />

92<br />

Journal SOCIETY FOR PSYCHICAL RESEARCH Volume 6º, Novembro de 1894. páginas 334 e 360.

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